Marta comprova que uma rainha nunca perde a sua majestade – 05/08/2025 – O Mundo É uma Bola

Uma jogadora de futebol vestindo um uniforme azul do Brasil, segurando um troféu grande e brilhante. Marta está sorrindo e fazendo um gesto com a mão, apontando para si mesma. Ao fundo, outras jogadoras também estão celebrando. A cena parece ser de uma cerimônia de premiação.

Nem sempre, devido a compromissos pessoais ou profissionais, consigo ver tudo o que quero no futebol. Aconteceu no sábado (2), e perdi a final da Copa América feminina, no Equador, entre Brasil e Colômbia.

De antemão, acreditava que a seleção comandada por Arthur Elias, atual vice-campeã olímpica, jogando um futebol convincente há quase um ano, não teria grandes problemas diante das colombianas, mesmo com a evolução recente das cafeteras.

Afinal, a hegemonia na América do Sul –apesar do nome Copa América, somente países sul-americanos participam– sempre foi das brasileiras. Das nove edições disputadas até então (a primeira em 1991), o Brasil conquistara oito.

A única derrota em uma final fora em 2006, para a anfitriã Argentina, 2 a 0, em Mar del Plata. O técnico do Brasil era Jorge Barcellos, e o destaque do time, a atacante Cristiane.

Pois nesta final, vim a saber com o jogo já encerrado, houve sim grandes problemas para a favorita seleção brasileira. Uma vitória sofrida nos pênaltis depois de um inesperado 4 a 4 (3 a 3 no tempo normal, 1 a 1 na prorrogação).

Alem de ter perdido um jogo sensacional, perdi o fantástico empate salvador do Brasil, quando perdia por 3 a 2, faltando 23 segundos para o apito final no estádio Rodrigo Paz Delgado, em Quito. Mais: perdi um lindo gol, em um tirambaço de fora da área, da mais representativa jogadora brasileira da história: Marta Vieira da Silva.

Também conhecida, desde que faturou seu primeiro prêmio (do recorde de seis) de melhor jogadora do mundo, aos 20 anos e há quase 20 anos, em 2006, como Rainha Marta, ou Rainha do Futebol.

Comparação direta com Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, o Rei do Futebol, incomparável, inigualável e inesquecível, mas que poderia ser “inadjetivável”, bastando o apelido para todos saberem de quem se trata, o maioral no futebol.

O gol redentor não poderia ter saído de outra perna, a esquerda de Marta, que também usou a direita para fazer o 4 a 3, ou não usou, pois, vendo o lance, ele era para uma cabeçada.

Porém a bola passou, como que com vontade própria, para, súdita fiel, tocar levemente o pé da rainha, desta vez o direito, o menos bom, usando-o para se direcionar para as redes e tornando-o tão eficaz quanto o esquerdo.

Dizem que a bola procura o craque, que o respeita e venera, pois ele a trata bem, com jeito e, apenas quando necessário, com força, para dar-lhe a alegria de entrar no gol.

Marta andou depreciada de uns anos para cá na seleção. A idade, se não tira o talento, reduz a velocidade, restringe a capacidade. Passou a ser uma rainha a liderar mais de fora que de dentro do campo, sentada boa parte do tempo no banco de reservas.

Pensou várias vezes em deixar a equipe nacional, anúncios disso fez, porém, chamada às batalhas, líder que é, não as recusou. Vencer ou perder, como desde o início, seria consequência.

Historicamente, a maioria foi perdida, inclusive Mundiais e Olimpíadas, nunca vencidos pelo Brasil.

Mas parece que o destino quer reservar algo inédito para quem, rainha que é, nunca perdeu a majestade, comprovada por sua resiliência na carreira e eloquência no desfecho da Copa América.

Marta já afirmou que não chegará lá, mas acredito que sim, que lá Marta chegará. Que o real adeus será na Copa do Mundo no Brasil, em 2027. E que o destino lhe reservará, aos 41 anos, a melhor das despedidas. Um final com uma final. E uma final com um final feliz.


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Fonte ==> Folha SP

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