A promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva da picanha ficar mais barata na mesa do brasileiro finalmente pode se concretizar. Mas não por muito tempo. A avaliação é dos próprios ministros de pastas mais econômicas do governo.
O cálculo é intrincado, mas segue uma série de pistas sobre volume de exportação, oferta interna da carne de primeira, inflação dos alimentos e, em última instância, a busca por novos mercados internacionais.
O primeiro ponto, o volume de exportação, mostra que os Estados Unidos importaram 229 mil toneladas de carne em 2024, um recorde, segundo números do próprio governo. Mas há problema na análise dos dados, ou melhor, na falta de parte deles.
Sabe-se que o País exporta em grande parte a chamada “carne de segunda”, como o dianteiro desossado. Mas não há informações mais amplas sobre o tipo de proteína animal importada pelos EUA porque não há um selo de identificação da carne.
Sem o selo, que deve ser ainda implementado, os frigoríficos aplicam sistemas próprios. Assim, acreditam integrantes do governo, é preciso considerar na conta das exportações cortes como o filé mignon, o lombo e a picanha, chamadas de “prime cuts”.
Na lógica dos governistas, o aumento das exportações pressionou o mercado interno, elevando a inflação. Com o tarifaço de 50% no preço da carne nas exportações para os Estados Unidos, a tendência será a queda no preço para o consumidor brasileiro.
O preço da carne subiu 20% em 2024. O governo acredita que um percentual do aumento ocorreu justamente pela oferta um pouco mais tímida do produto no mercado interno até aqui. Com a inviabilidade de exportação nos parâmetros dos meses anteriores a agosto deste ano, a expectativa é da inevitável queda imediata nos preços, mas ainda não há números fechados sobre a deflação.
Mas o preço não deve se manter mais baixo por muito tempo. A tendência é que uma parte dos produtores encontre novos mercados. Alguns produtores devem frear os abates enquanto os Estados Unidos mantiveram as tarifas em alta.
Para os produtores brasileiros de carne, entretanto, a conta é dramática. Números da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) mostram que o setor pode ter um prejuízo de US$ 1 bilhão nos próximos seis meses com o tarifaço de 50%.
Fonte ==> NEOFEED