Os economistas de BTG, Bradesco e Santander estão mais otimistas com a queda da inflação

inflação em queda

As expectativas de inflação vêm caindo nas últimas semanas, chegando, no último Focus, a 4,95% para 2025 e 4,4% para 2026. A redução, com o mercado prevendo inflação dentro da banda no próximo ano, ocorre mesmo diante da menor taxa de desemprego da história, de 5,8%.

Um dos fatores, na avaliação de Samuel Pessoa, chefe de pesquisa do BTG Pactual, é a queda da Nairu, a sigla em inglês para taxa de desemprego mínima que não pressiona a inflação. “O mais surpreendente é que a economia está em pleno emprego e a inflação de serviços segue andando de lado”, disse Pessoa no 26º Encontro Anual do Santander.

A estimativa do economista é de que essa taxa tenha recuado em três pontos percentuais desde 2012, de 9,5% para 6,5%. “Claro que não tem como medir, mas, aparentemente, o mercado de trabalho está bem maior do que estávamos acostumados.”

Entre os fatores por trás do fenômeno, segundo Pessoa, estão o envelhecimento populacional, que reduz o desemprego estrutural entre os mais jovens. “O desemprego é concentrado na população mais jovem. Se tem menos jovem, é natural que o desemprego caia.”

Outras razões apontadas pelo pesquisador são a melhora educacional e a criação de novos postos de trabalho a partir de tecnologias emergentes. “Houve uma série de mudanças tecnológicas que foram muito aceleradas na pandemia e que aumentaram as ocupações que a nossa oferta de trabalho consegue absorver bem, como técnico de TI, motorista de aplicativo e entregador de alimentos.”

A tese da redução da Nairu também foi apoiada por Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander, e Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco, que participaram do painel.

Outra explicação levantada pelos economistas para a projeção de inflação mais baixa neste ano é a redução da atividade econômica, que, segundo eles, deve se intensificar no segundo semestre.

Pessoa projeta que o PIB, que cresceu 3,4% em 2024, avance 1,9% neste ano e recue para 1,5% em 2026. “Cerca de 70% da atividade é cíclica. Essa parcela da economia cresceu 4,5% no ano passado e deve crescer 1% neste ano. Na prática, é uma desaceleração brutal.”

A análise foi endossada por Honorato, que prevê intensificação do efeito da alta de juros na economia. “A política monetária demorou, mas finalmente chegou. Agora está começando a bater no crédito”, disse. Sua projeção é de crescimento próximo de zero no segundo semestre.

Apesar do maior otimismo em relação à inflação e da percepção de desaceleração da atividade, os economistas veem pouco espaço para o Banco Central iniciar cortes de juros ainda neste ano.

Honorato, que recentemente mudou sua projeção de início da redução de juros de dezembro para janeiro, afirmou ter revisado a expectativa devido à comunicação mais cautelosa do BC.

“Eu mudei porque o chefe do brinquedo está dizendo que ainda não sabe se já está no nível ideal. Quando souber que está, a ideia é manter a taxa por um período prolongado. Então, pode ser que demore mais — mas dezembro não está fora da mesa.”



Fonte ==> NEOFEED

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