O turismo global atravessa uma fase de transformação acelerada. Se por um lado o setor sofreu fortes impactos durante a pandemia, por outro viu emergir novos modelos de negócios que unem tecnologia e finanças para sustentar a retomada.
No Brasil, um dos movimentos mais relevantes é a entrada das fintechs no ecossistema de turismo, oferecendo soluções que vão muito além da emissão de passagens.
Com a digitalização crescente do setor, pequenas e médias agências de viagem enfrentam o desafio de competir com grandes operadoras. Nesse cenário, a automação de processos, a gestão inteligente de fluxo de caixa e os meios de pagamento integrados tornaram-se diferenciais competitivos. Plataformas que oferecem links de pagamento customizados, gateways próprios e antecipações financeiras são hoje vistas como ferramentas estratégicas para a sobrevivência e o crescimento das agências.
Segundo dados do mercado, o setor de turismo corporativo e lazer no Brasil já movimenta mais de 200 bilhões de reais por ano, com forte participação de pequenas empresas. No entanto, grande parte desse volume ainda é processada de forma fragmentada e pouco automatizada. É justamente aí que as fintechs encontram espaço para inovar.
Para os especialistas do setor, a entrada de soluções financeiras no turismo representa um divisor de águas. “A emissão de passagens ou a reserva de hospedagens já não são suficientes para garantir competitividade. As agências precisam de soluções completas, que unam tecnologia e finanças em uma mesma estrutura, com segurança e escalabilidade”, explica João Florio, empreendedor ítalo-brasileiro que atua na integração de fintechs ao turismo.

Seu irmão e sócio, Rafael Florio, complementa que a tendência é de automação total do processo. “O futuro do turismo B2B passa pela integração entre sistemas de emissão e plataformas financeiras. Quando a agência consegue controlar pagamentos, fluxo de caixa e conciliações dentro de uma mesma ferramenta, ela reduz erros operacionais e ganha margem para crescer”, afirma.

O avanço das fintechs também reflete a necessidade de atender a um novo perfil de consumidor, que exige agilidade, transparência e flexibilidade nos pagamentos. Enquanto no passado a relação era centrada em reservas e pacotes, hoje a experiência de compra inclui desde meios digitais de pagamento até a possibilidade de parcelamentos customizados para grupos e corporações.
O Brasil, por sua dimensão e diversidade de agentes de mercado, se tornou terreno fértil para esse movimento. Plataformas criadas no país já estão expandindo suas operações para a Europa e a América do Norte, levando soluções que nasceram para atender agências locais a mercados mais sofisticados. O que começou como uma necessidade de sobrevivência em um setor tradicional, hoje se consolida como um dos exemplos mais promissores de inovação em turismo.
Para investidores e gestores, a mensagem é clara: o turismo deixou de ser apenas um setor de serviços para se tornar também um setor financeiro. A integração entre fintechs e agências B2B cria um modelo de negócios mais eficiente, escalável e resiliente, capaz de sustentar crescimento mesmo em períodos de instabilidade econômica.