Maria Thereza e as mulheres que moldaram o futuro do Light Steel Framing no Brasil

Três gerações de profissionais trabalham com o Light Steel Framing (LSF) no Brasil. Entre elas, a engenheira mecânica Maria Thereza de Almeida Castro, 71 anos, com quase três décadas de experiência no LSF e uma das pioneiras nesse processo.

Também está a engenheira civil Sheila Kopp Webber de Lima, 51 anos, que atua há mais de cinco anos com o sistema. Já Gabriele Cristina dos Santos, 30 anos, está seguindo os passos dessa trajetória.

Embora amplamente utilizado em outros países há mais de 100 anos, o LSF começou a ganhar força no Brasil apenas na década de 1990. Maria Thereza, especialista em sistemas construtivos leves, professora e perita judicial, acompanhou de perto os desafios iniciais da implementação.

No início dos anos 1990, grandes construtoras brasileiras buscavam soluções para tornar a Construção Civil mais industrializada, com melhor desempenho e preparada para novos desafios. “O sistema Drywall, composto por perfis metálicos e chapas de gesso revestidas com papel cartão, destinado às paredes internas, foi a porta de entrada. Eliminar tijolos, reduzir o manuseio de materiais e realizar melhor e em menos tempo conquistou o mercado, que logo contou com a primeira fábrica de chapas de gesso no país”, relata Maria Thereza.

O Light Steel Framing também deu seus primeiros passos nessa época, mas com 100% dos componentes importados, o que elevava consideravelmente os custos. “As obras comerciais e institucionais buscavam soluções rápidas e sustentáveis, reconhecendo as vantagens do sistema a seco. Mas ainda havia falta de mão de obra capacitada, pouca disponibilidade de material e desconhecimento técnico para projetar corretamente. Em um país de dimensões continentais e tantas desigualdades culturais, climáticas e logísticas, o desafio era enorme”, lembra.

O avanço ocorreu quando grandes indústrias multinacionais começaram a produzir componentes para o LSF no Brasil, ampliando a disponibilidade de informações, treinamentos e a presença do sistema em diferentes regiões.

A consolidação do sistema

Apesar da resistência inicial, o LSF se consolidou. Uma das representantes dessa nova geração é Sheila Kopp Webber de Lima, conhecida como a “construtora do McDonald’s”. Ela já supervisionou dezenas de unidades da rede utilizando Steel Framing. “Migrar dos tijolos para o aço nas nossas obras do McDonald’s foi a melhor decisão que tomamos em toda a história da empresa. Além de reduzir os prazos em até 50%, o Light Steel Framing nos trouxe precisão orçamentária, baixo desperdício e melhor dinâmica de obra. Antes, tínhamos 18 pedreiros em uma única obra; hoje, com uma equipe 70% menor, entregamos mais cedo e com maior qualidade”, afirma Sheila.

Déficit de mão de obra

A falta de profissionais qualificados é um dos gargalos da construção civil, e o LSF se apresenta como alternativa. “Ao longo dos anos, a disponibilidade de pedreiros diminuiu e a idade média desses profissionais aumentou. O mercado da construção convencional está à beira de um colapso de mão de obra. Assim, a industrialização é um caminho sem volta”, pontua Sheila.

Além da agilidade, o sistema oferece menor desperdício de materiais, limpeza no canteiro de obras, maior controle de qualidade e desempenho térmico e acústico.

Das primeiras obras ao futuro promissor

Maria Thereza recorda as primeiras construções com Steel Framing no Brasil, que ajudaram a desmistificar a técnica. “Iniciamos a instalação de chapas cimentícias na parte interna, nos boxes de chuveiro, devido à alta resistência à água e umidade. Isso acelerou a importação de materiais, criou estoque local e iniciou o treinamento de mão de obra. No fim da década de 1990, conseguimos realizar obras em fachadas de shoppings, hospitais e algumas residências”, relembra.

Uma das primeiras foi a revitalização da fachada do Shopping Estação, em Curitiba (PR). “Era preciso agregar uma nova fachada muito leve a uma estrutura com mais de 20 anos, em pleno funcionamento, no centro da cidade. Isso convenceu os proprietários a usarem o Light Steel Frame, e foi um sucesso! A partir daí, seguimos para outras obras em shoppings por todo o Brasil, como o Salvador Plaza Shopping, o Shopping Goiabeiras (Cuiabá), o Shopping Iguatemi, além de clubes, escolas e teatros”, relata.

Inovação e velocidade

Sheila conta que passou a adotar o sistema em 2019. “Com apoio de uma consultoria, capacitamos nossa própria equipe e construímos uma loja McDonald’s em Curitiba 100% em Light Steel Framing. Foi surpreendente ver uma edificação de mais de 300 m² erguida e coberta em menos de sete dias”, diz.

Ela destaca as vantagens: “Comparado à alvenaria, o sistema é mais leve, preciso e sustentável. Fazemos uma obra inteira descartando menos de uma caçamba de entulhos. Além disso, é mais leve para o profissional: os jovens não se interessam pelo trabalho de pedreiro, mas se adaptam bem como montadores, trocando betoneira, pá e cimento por parafusadeira”.

O futuro

Neste ano, Gabriele iniciou sua atuação no LSF ao lado de Sheila, participando da primeira obra de McDonald’s com dois pavimentos feita em Light Steel Framing no Brasil. A jovem profissional conta que tem sido muito positivo o trabalho. “A experiência do está sendo marcada pelo contato diário com um sistema construtivo mais rápido, preciso e dinâmico. Trabalhar com LSF também é estar em um ambiente colaborativo, que valoriza eficiência e inovação, que motiva a buscar constantemente novas soluções. Acredito que essa experiência não só impulsiona minha carreira, mas também me coloca como parte da transformação e modernização da construção civil no Brasil”, finalizou.

Para saber mais sobre a trajetória de Maria Thereza, entre no @obra5.0

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