Carne bovina pode ampliar mercado, dizem analistas – 18/09/2025 – Vaivém

Carne bovina pode ampliar mercado, dizem analistas - 18/09/2025 - Vaivém

Para onde a cadeia de carne bovina brasileira deve olhar nos próximos anos? Um encontro, que reuniu participantes de vários países nesta quinta-feira (18), apontou o cenário atual e as novas possibilidades para o Brasil.

Participaram do evento, denominado Conacarne (Congresso Nacional da Carne), e que ocorreu em Belo Horizonte (MG), representantes da Europa, do Oriente Médio, da China e da América do Sul.

A carne brasileira tem alguns atributos indiscutíveis, como qualidade, padronização, confiança e preços competitivos, mas pode avançar ainda mais para novos mercados e para um enquadramento em padrões específicos de demanda de cada país, relataram os participantes.

Riyadh Jabbar, diretor da Al Tayeb Meat, dos Emirados Árabes, destacou que a carne brasileira é muito bem aceita no Oriente Médio. Sabor, qualidade e confiança na produção, inclusive no produto halal, são fatores importantes nessa aceitação.

Segundo ele, o Brasil pode avançar muito nessa região. “O Oriente Médio não é apenas um mercado crescente, mas a região que definirá o futuro do negócio carne”, afirmou.

O Brasil deve olhar para pelo menos quatro tendências do mercado da região. Entre elas, a exigência de qualidade, a customização do produto, a colocação de prato pronto para cozinhar e a carne no mercado de saúde. No caso da customização, a região tem a presença de cidadãos de todos os países e uma grande diversidade cultural. As exigências são diversificadas e incluem sabor, frescor, cortes diversos, produtos embalados a vácuo, além de porções e de hambúrguers.

Jabbar destaca, no entanto, um desafio imediato que os fornecedores de produtos para a região devem enfrentar. Devido aos problemas geopolíticos, a entrega de alimentos, que demorava de 35 a 40 dias, agora subiu para 50 a 62.

Kelly Wang, diretora da OIG (Optimize Integration Group), afirma que a carne brasileira já tem uma boa reputação no mercado chinês. Uma das características do produto nacional é a padronização, muito importante em um país de grande dimensão. São diferentes regiões com diferentes exigências, afirma.

A China produz 7,2 milhões de toneladas de carne bovina, mas consome 10,6 milhões. O Brasil deve olhar para as cadeias de supermercados, hotéis e restaurantes, além da indústria de processamento.

Em tempos de imposição de tarifas dos Estados Unidos no comércio mundial, os brasileiros têm de investir em novos produtos e buscar novos mercados, afirma Wang.

Para Oskar Hjertsall, diretor de compras da Norvida, uma empresa sueca, a carne brasileira tem um padrão definido, e o importador sabe o que vai receber quando efetua a compra. A produção europeia é diversificada, dependendo da região, e nem sempre há um padrão definido.

Hjertsall acredita que o acordo Mercosul-União Europeia trará novas possibilidades de negócios. Ele destaca a consistência do produto brasileiro e a qualidade. Esta, segundo ele, pode significar várias coisas diferentes, dependendo de quem está comprando.

A qualidade pode ser tenacidade, origem do produto, sustentabilidade e até o plástico que é utilizado na embalagem do produto, dependendo da visão do importador, afirma.

Para muitos países europeus, é importante o conhecimento da origem do animal, da alimentação, onde foi criado, o sistema de transporte e, é claro, o preço. Falando sobre as exigências europeias, afirma que existem diversas opiniões sobre essas decisões, mas a sustentabilidade sempre foi um alvo para a Europa. Ele cita a EUDR (a lei do desmatamento). Não é uma coisa simples de ser feita, mas quem chegar primeiro vai criar um acesso total ao mercado, afirma.

Álvaro Ramela, do Inac (Instituto Nacional de Carne do Uruguai) apontou, além de diferenças de mercados para Brasil e Uruguai, regras que devem ser seguidas para a obtenção do mercado externo.

Os uruguaios exportam 80% da carne produzida e, portanto, dependem do mercado mundial. Com dólar baixo ou alto, o país tem de mandar a carne para o exterior.

Ao contrário do Brasil, que tem um “boi China”, o Uruguai tem um “boi global”, que tem de ser aceito em qualquer um dos 90 países para os quais o país exporta, afirma Ramela.

Entre os caminhos para a colocação da carne bovina no mercado externo, o país tem de seguir rigorosos controles sanitários, além de questões técnicas, barreiras comerciais e tarifas diversas. O marketing passa a ser um ponto importante na consolidação dos mercados.

Quanto aos requisitos de sustentabilidade, “eles não são mais uma opção, mas uma questão legal”, afirma. Outro foco que Brasil e Uruguai devem olhar é para o conceito de carne saúde, uma exigência cada vez maior da geração prateada, que quer manter massa muscular, de desportistas e de crianças que exigem uma alimentação mais saudável.

O evento foi realizado pelo Sistema Faemg Senar e pela CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).



Fonte ==> Folha SP

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