O mundo além do visto americano – 10/10/2025 – Praça do Leitor

O mundo além do visto americano - 10/10/2025 - Praça do Leitor

A recente decisão do governo americano de cancelar vistos de determinadas autoridades brasileiras reacendeu um velho debate sobre a arrogância da política externa dos Estados Unidos. Ao agirem como se a proibição de entrada em seu território fosse uma punição exemplar, demonstram a crença de que seu país ocupa um pedestal tão elevado que qualquer pessoa se sentiria diminuída por não poder pisar em solo americano. No entanto, negar visto não passa de uma prerrogativa legal e, muitas vezes, um gesto mais simbólico do que efetivo. O problema é que alguns, talvez movidos por um deslumbramento típico de “novos ricos”, interpretam essa negativa como uma perda irreparável, como se não houvesse alternativas tão ou mais fascinantes ao redor do globo.

O planeta é vasto e repleto de destinos de beleza, cultura e importância histórica incomparáveis. A Europa, por exemplo, oferece cidades como Paris, com o Louvre e o Museu d’Orsay; Roma, com o Coliseu e o Vaticano; Viena, repleta de palácios imperiais e salas de concerto; e Berlim, onde o passado recente se entrelaça com uma vibrante cena artística. Londres, Madri, Praga, Lisboa, Amsterdã e Atenas são exemplos de cidades que combinam patrimônio, gastronomia e arte de forma única. Some-se a isso o charme da Riviera Francesa e Italiana, a exuberante Costa Amalfitana e o esplendor das ilhas gregas, que oferecem cenários de tirar o fôlego e uma cultura milenar inigualável. Em muitas dessas regiões, a qualidade da infraestrutura turística, o acervo cultural e o patrimônio arquitetônico rivalizam ou superam o que se encontra nos Estados Unidos.

Na Ásia, a variedade é tão impressionante quanto a história milenar de seus povos. Tóquio fascina pela combinação de tradição e tecnologia; Bancoc, com seus templos dourados, impressiona pela espiritualidade vibrante; Pequim guarda a Cidade Proibida e a Grande Muralha; Kyoto preserva jardins e templos que atravessaram séculos; Singapura é um exemplo de modernidade e organização urbana; e a Índia, com cidades como Jaipur e Varanasi, oferece um mergulho profundo na cultura e na religiosidade. Já as Maldivas, com suas águas cristalinas e bangalôs sobre o mar, figuram entre os destinos mais desejados do planeta. Na Oceania, Sydney e Melbourne, na Austrália, oferecem uma qualidade de vida invejável, belas praias e instituições culturais de renome, enquanto a Nova Zelândia, com sua natureza cinematográfica, é um paraíso para amantes de aventura e paisagens, sem contar Bora-Bora, no Taiti, um dos lugares mais paradisíacos do planeta.

O continente africano também reserva surpresas que desafiam estereótipos. A Cidade do Cabo, na África do Sul, é um dos destinos mais bonitos do planeta, com a Montanha da Mesa, vinícolas e praias exuberantes. Marraquexe, no Marrocos, é um mergulho em cores, aromas e mercados únicos. O Egito, com as pirâmides de Gizé e o Museu Egípcio do Cairo, é um convite à contemplação de uma das civilizações mais influentes da história humana.

Na América Latina, a riqueza cultural e natural é igualmente impressionante. O México abriga ruínas maias e astecas, como Chichén Itzá e Teotihuacán; o Peru é lar de Machu Picchu e do Vale Sagrado; a Colômbia encanta com Cartagena e Medellín; e a Argentina oferece desde a elegância cosmopolita de Buenos Aires até as paisagens selvagens e geladas da Patagônia, um espetáculo de natureza bruta e intocada. O Brasil, com suas belezas naturais e diversidade cultural, não fica atrás, enquanto o Canadá ostenta cidades cosmopolitas como Toronto, Vancouver e Montreal, que muito lembram o estilo das cidades americanas, aliando natureza, segurança e alta qualidade de vida.

O mundo é vasto demais para ser reduzido a um único país. Viajar para os Estados Unidos pode ser interessante, mas não é um passaporte para a felicidade ou um certificado de prestígio. A Terra está repleta de lugares que um único ser humano jamais conseguiria explorar por completo em toda a sua vida. Não ter um visto americano pode ser, na verdade, uma oportunidade, e não uma punição, de ampliar horizontes e descobrir que existem experiências, culturas, museus e paisagens que, em muitos aspectos, superam o que se encontra no território norte-americano. Em vez de lamentar, é melhor arrumar as malas e seguir para onde o mundo se abre, vasto, diverso e infinitamente fascinante.

A propósito, para os que ainda sentirem saudades, existem quatro complexos da Disney espalhados pelo mundo: dois na Ásia (Tóquio e Xangai), um em Hong Kong e outro na Europa (Paris). Assim, nem a magia de Mickey e companhia está restrita ao solo americano.



Carlos Márcio Salles de Vasconcelos é escritor, professor e ex-presidente do Tribunal Arbitral de Minas Gerais.

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Fonte ==> Folha SP

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