A globalização do mercado de trabalho e o avanço das tecnologias transformaram profundamente o perfil do profissional competitivo. Cada vez mais, empresas buscam colaboradores que unam competência técnica, visão multicultural e habilidades de comunicação em outros idiomas. No Brasil, a educação bilíngue tem deixado de ser um diferencial restrito às elites para se tornar uma exigência crescente em corporações, instituições públicas e até nas Forças Armadas.
De acordo com um levantamento do British Council, apenas 5% dos brasileiros dominam o inglês, mas 95% das empresas de médio e grande porte afirmam que a fluência em idiomas é um fator determinante para promoções e cargos de liderança. Essa discrepância entre demanda e formação evidencia um dos maiores desafios da educação nacional: a preparação de profissionais globalmente competentes.
O professor e militar da reserva Leonardo Freitas Silva da Penha é uma das vozes que defendem a união entre disciplina e ensino de idiomas como pilares dessa formação. Com experiência nas três Forças Armadas do Brasil e passagem pela Academia Militar das Agulhas Negras, onde certificou futuros oficiais para missões internacionais, ele explica que a competência linguística precisa ser acompanhada de método e propósito. “Ensinar inglês não é apenas ensinar uma língua. É formar mentalidades capazes de dialogar com o mundo, mantendo valores e disciplina”, afirma.

Leonardo foi responsável por elaborar materiais didáticos que até hoje são utilizados na formação de cadetes e oficiais do Exército Brasileiro. Além disso, atuou como intérprete em missões conjuntas entre o Exército Brasileiro e o Exército Americano, onde desenvolveu habilidades que hoje aplica na área educacional. Ele observa que o domínio do inglês se tornou uma ferramenta estratégica para setores diversos, da diplomacia às empresas privadas. “A fluência em idiomas é o que conecta o Brasil à economia global. É através da comunicação que se constroem parcerias, inovação e aprendizado mútuo”, comenta.
Sua experiência mostra que o ensino bilíngue vai muito além das salas de aula tradicionais. Ele enxerga a formação linguística como um processo que deve incluir valores de disciplina, ética e compromisso social. “A educação precisa preparar cidadãos que saibam pensar de forma global, mas agir com responsabilidade local. O conhecimento técnico sem valores perde o sentido”, explica.
Leonardo também destaca a importância da formação continuada e da educação acessível. Em projetos voluntários no Rio de Janeiro, ministrou aulas de inglês a jovens de comunidades carentes e palestras para militares em transição de carreira. Essas experiências reforçaram sua crença de que o bilinguismo é uma ponte entre realidades distintas. “Quando um jovem de periferia aprende um novo idioma, ele ganha acesso a um mundo de oportunidades que antes parecia distante. É disso que o país precisa”, afirma.
O Brasil ainda caminha para consolidar uma cultura bilíngue ampla, mas o crescimento de escolas com currículo internacional e o avanço de programas de capacitação indicam uma mudança de mentalidade. Para Leonardo, esse processo precisa ser acompanhado por um resgate dos valores de disciplina e perseverança. “A fluência não vem apenas de livros, mas de dedicação e constância. O aprendizado é uma maratona, não uma corrida de cem metros”, diz. Especialistas em educação concordam que o mercado global exige muito mais do que proficiência técnica. Ele demanda profissionais culturalmente conscientes, capazes de aprender e ensinar continuamente. A combinação de educação bilíngue e disciplina pessoal, segundo Leonardo, é o que prepara o indivíduo para atuar em um mundo interconectado. “O futuro pertence a quem aprende todos os dias. E a disciplina é o que sustenta esse aprendizado”, conclui