A economia da atenção tornou-se uma das forças mais relevantes do mercado contemporâneo. Vídeos curtos, conteúdo multiplataforma e narrativas personalizadas movimentam marcas, impactam comportamento de consumo e transformam criadores independentes em agentes econômicos de alto alcance. No Brasil, onde a população passa mais de três horas diárias consumindo vídeos online segundo levantamentos recentes, criadores digitais representam uma nova camada de negócios, audiência e competitividade.
O setor gamer, em especial, se tornou um dos pilares desse movimento. Com a expansão de plataformas como YouTube, TikTok e Twitch, o conteúdo baseado em jogos passou de nicho a fenômeno global. A demanda por entretenimento rápido, humor e competições digitais fez com que marcas de tecnologia disputassem espaços junto a influenciadores capazes de atingir públicos segmentados e altamente engajados.
Segundo especialistas, o diferencial desse mercado está na dinâmica de produção independente. Criadores que dominam todas as etapas do processo, da filmagem à edição, conseguem entregar conteúdos autênticos em escala, sem depender de grandes estruturas de produção. O criador de conteúdo Matheus Brito da Silva explica que a independência criativa é essencial para manter velocidade e conectar-se com diferentes públicos. Ele afirma que a audiência atual procura espontaneidade e frequência, não apenas estética técnica. Segundo ele, quem faz tudo sozinho consegue responder mais rápido ao interesse do público e às tendências do momento.
Esse modelo tem atraído atenção de grandes empresas de tecnologia. Marcas internacionais passaram a investir em criadores que representam comunidades digitais consolidadas. No setor de smartphones e jogos, por exemplo, marcas como Scopely, Huawei e RedMagic têm ampliado parcerias com influenciadores brasileiros. A estratégia é clara: utilizar esses criadores como ponte entre produto e consumidor final, integrando publicidade a um formato de conteúdo que já faz parte da rotina de milhões de usuários.
O interesse crescente das marcas também reflete o impacto econômico da influência digital. Segundo pesquisas de mercado, campanhas realizadas com criadores independentes têm índices de conversão superiores aos da publicidade tradicional. Isso ocorre porque influenciadores estabelecem relação de confiança com o público, o que potencializa o alcance e reduz o custo de aquisição de novos consumidores.
O setor gamer representa um exemplo particularmente expressivo dessa realidade. Criadores que se destacam nesse universo alcançam números globais e ampliam visibilidade do Brasil no cenário internacional. Em casos como o de Matheus Brito, vídeos que ultrapassam dezenas de milhões de visualizações demonstram a força desse formato. Ele afirma que conteúdos virais são resultado de consistência, estratégia e capacidade de criar narrativas acessíveis a públicos diversos. Segundo ele, humor e competição são linguagens universais e permitem que o conteúdo viaje sem barreiras linguísticas.
O fenômeno dos vídeos transnacionais reforça outro ponto relevante: o digital tornou profissionais brasileiros competitivos globalmente. Não há barreira de entrada geográfica para a audiência, e colaborações entre criadores do Brasil e dos Estados Unidos, por exemplo, ampliam o impacto das produções. Essas parcerias revelam que o conteúdo digital ultrapassou fronteiras e se tornou instrumento de integração cultural. Para marcas internacionais, essa troca representa oportunidade de atingir mercados emergentes com menor custo e maior precisão.

Matheus Brito da Silva
O mercado de influenciadores independentes segue em expansão. A profissionalização das plataformas, o crescimento do setor de streaming, a chegada de novas ferramentas de edição e a demanda crescente por entretenimento consolidam esse ecossistema como uma das principais economias digitais do país. A tendência aponta para um modelo de negócios descentralizado, em que criadores que antes atuavam de maneira isolada passam a fazer parte de redes globais de distribuição.
Para especialistas, essa é apenas a primeira fase do processo. A próxima etapa deve envolver integração de inteligência artificial, automação de conteúdo e modelos híbridos entre produção independente e parcerias corporativas mais robustas. Criadores que compreendem a lógica da economia da atenção tendem a se destacar pela capacidade de unir criatividade, velocidade e autenticidade.
O setor digital brasileiro demonstra que a influência deixou de ser apenas entretenimento e se tornou ativo econômico estratégico. Criadores independentes movimentam audiências globais, impulsionam marcas e ampliam a presença do Brasil no mercado internacional de conteúdo. Em um ambiente em que atenção é valor e criatividade é moeda, a produção individual se transformou em um novo vetor de crescimento.