Principal promessa de Lula foi cumprida, mas não basta – 19/01/2025 – Opinião

Principal promessa de Lula foi cumprida, mas não basta - 19/01/2025 - Opinião

ad_1]

Na extensa lista de promessas de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escrutinada em reportagem da Folha, chama a atenção que a principal delas seria mera platitude em outros tempos.

“Manter normalidade e respeito institucional – diálogo respeitoso com os Poderes”, como consta do plano de governo, é o mínimo que se espera de qualquer autoridade pública em regime democrático —mas não foi o que se viu nos quatro anos de Jair Bolsonaro (PL) no Planalto.

Para afastar os riscos de ruptura autoritária, líderes e eleitores de outras preferências escolheram Lula em 2022, viabilizando sua vitória por margem minúscula. Esse foi, portanto, o compromisso fundamental da atual administração. De menos normal, todavia, há hoje o ímpeto censório de Executivo e Judiciário contra as redes sociais.

Já nas demais 102 promessas elencadas era possível antever equívocos e fragilidades agora evidentes na metade do mandato. Em vez de responder a uma nova conjuntura política e econômica, a plataforma lulista priorizou reafirmar feitos, reais ou imaginários, e negar erros dos governos petistas do passado.

Na economia, calcanhar de Aquiles do partido desde o desastre sob Dilma Rousseff, destacavam-se intenções de retrocesso. Falava-se em rever as reformas previdenciária e trabalhista, duas das conquistas mais difíceis e importantes dos últimos anos, e a privatização da Eletrobras.

Felizmente, nada disso foi nem será cumprido, seja por falta de condições políticas, seja porque o próprio governo tem noção do desatino das bravatas vendidas à militância. Muito melhor foi ter apoiado a reforma tributária.

Lula cometeu seu erro capital, porém, ao “revogar teto de gastos e remodelar o regime fiscal brasileiro”. Para substituir uma regra demonizada por ter o objetivo de sanar a ruína de Dilma, inventou-se um tal “arcabouço fiscal” que já se mostrou ineficaz para conter a dívida pública.

A disparada do gasto contribuiu para dois anos de crescimento econômico acima das expectativas, mas, a esta altura, a alta do dólar, da inflação e dos juros ameaça a segunda metade do governo —e tende a ofuscar as parcas realizações em outras áreas, como a redução do desmatamento e o programa de bolsas contra a evasão no ensino médio.

A plataforma voltada ao umbigo petista se reflete na formação do ministério, no qual praticamente todas as áreas importantes estão entregues ao partido e a seus aliados de esquerda. A fragilidade da coalizão partidária ajuda a explicar o descumprimento da promessa de dar fim à farra das emendas parlamentares, ainda necessária para a árdua negociação de projetos no Congresso.

Se Lula também pretende abandonar o compromisso de não disputar a reeleição, como parece, o tempo e as condições para apresentar em 2026 mais trunfos do que a normalidade democrática se estreitaram.

editoriais@grupofolha.com.br



Fonte ==> Folha SP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *