A nova economia do cuidado emocional como a psicologia infantil está transformando famílias, escolas e o futuro da educação

A saúde mental infantil deixou de ser uma pauta restrita ao ambiente clínico para se tornar um tema central nas discussões sobre educação, produtividade e bem-estar social. O avanço das pesquisas em comportamento e desenvolvimento infantil, aliado ao crescimento da demanda por apoio psicológico, criou um novo campo de oportunidades econômicas e sociais. O Brasil, que hoje conta com mais de 450 mil psicólogos registrados segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP), é também um dos países que mais buscam atendimento especializado para crianças e famílias.

A psicóloga infantil Bruna Campos Teodoro da Silva, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e educadora parental, acompanha esse movimento há uma década. Em sua trajetória, observa que a saúde emocional das crianças se tornou um dos principais indicadores de estabilidade familiar e desempenho escolar. “As famílias estão mais conscientes de que o emocional influencia tudo, aprendizado, socialização, autoconfiança e até o comportamento dos pais. O cuidado psicológico deixou de ser tratamento e passou a ser prevenção”, afirma.

O mercado de psicologia voltado à infância cresce em ritmo acelerado. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada sete crianças no mundo apresenta algum tipo de transtorno emocional ou comportamental. Essa estatística tem levado escolas, clínicas e instituições de ensino a investirem em programas de educação emocional, consultorias psicológicas e formação de profissionais especializados. O resultado é a expansão de um novo segmento da economia do cuidado que envolve desde atendimentos individuais até cursos e palestras para famílias e educadores.

Bruna é uma das profissionais que transformaram a prática clínica em impacto social. Ao longo de mais de dez anos de carreira, ela desenvolveu um modelo de atendimento que une ciência e empatia, atendendo, em média, quinze crianças por dia e somando milhares de famílias atendidas. Seu trabalho ultrapassa o consultório: ela realiza palestras em instituições como o Centro Educacional Marcella Araújo (CEMA) e a Escola Firjan SESI, onde promoveu projetos voltados à saúde emocional e à formação de professores. “Quando a escola entende que educar não é apenas ensinar conteúdos, mas também cuidar das emoções, o aprendizado se torna mais profundo e duradouro”, observa.

O impacto do trabalho de Bruna alcançou também o meio acadêmico. Seu livro foi adotado como estudo de caso por uma universidade brasileira e seu artigo científico tornou-se referência na área de psicologia infantil. Além disso, ela recebeu prêmios honorários de duas universidades nacionais em reconhecimento à relevância do seu trabalho para a saúde mental de crianças e famílias. “Ver a psicologia infantil ser valorizada dentro da academia e nas escolas é a prova de que estamos evoluindo como sociedade. A ciência precisa estar nas mãos das pessoas e não restrita às bibliotecas”, explica.

Essa democratização do conhecimento é uma das tendências que mais movimentam o setor. O crescimento das plataformas digitais e das redes sociais abriu espaço para uma nova geração de psicólogos que traduzem a ciência em linguagem prática e acessível. Para Bruna, essa mudança exige responsabilidade, mas também representa uma oportunidade de alcance. “As redes sociais se tornaram um canal de educação emocional. Quando usamos a internet com ética e propósito, conseguimos orientar milhares de famílias que talvez nunca chegariam a um consultório”, comenta.

O avanço do cuidado emocional também tem reflexos diretos na produtividade nacional. Pesquisas do Fórum Econômico Mundial apontam que países que investem em saúde mental têm até 4% de aumento no PIB a longo prazo, reflexo da redução do absenteísmo e do fortalecimento da educação básica. Nesse contexto, a psicologia infantil aparece como investimento estratégico em capital humano. “Cuidar das crianças é cuidar do futuro econômico e social do país. Uma criança emocionalmente equilibrada será um adulto mais preparado para lidar com os desafios da vida e do trabalho”, analisa Bruna.

Com planos de expandir sua atuação para os Estados Unidos, Bruna quer levar o modelo de educação emocional e parentalidade consciente desenvolvido no Brasil a outras comunidades. Seu objetivo é contribuir para que escolas e famílias adotem práticas preventivas de cuidado mental. “A saúde emocional é uma linguagem universal. Em qualquer lugar do mundo, toda criança precisa ser ouvida e todo pai precisa de orientação para entender e acolher”, conclui.

A psicologia infantil se consolida como um dos pilares da nova economia do cuidado, unindo ciência, empatia e impacto social. No Brasil e no mundo, o desafio agora é transformar o conhecimento em política pública e prática diária,  algo que profissionais como Bruna Campos já vêm fazendo com maestria e propósito.

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