O setor de petróleo e gás é um dos pilares da economia brasileira e movimenta cifras expressivas. Em 2023, o segmento representou cerca de 13% do PIB industrial do país e respondeu por mais de 20% das exportações nacionais, segundo dados oficiais.
Apenas as operações ligadas à Petrobras empregam direta e indiretamente mais de 400 mil pessoas, envolvendo desde engenheiros e técnicos até profissionais de suporte logístico e administrativo. Por trás dessas grandes estruturas, há um desafio constante: gerenciar pessoas em ambientes de alta complexidade, onde a precisão técnica e o fator humano precisam caminhar lado a lado.
A gestão de recursos humanos nesse setor vai muito além da seleção de currículos. Em campos de extração, refinarias e unidades de processamento, as equipes enfrentam condições extremas, isolamento geográfico, jornadas longas, escalas embarcadas e exigências de segurança rigorosas. Cada contratação precisa atender a padrões técnicos elevados e seguir protocolos rígidos de conformidade, saúde e segurança. A operação de uma unidade pode envolver centenas de trabalhadores, e a falha na coordenação de equipes pode gerar impactos milionários.
Para a administradora Vivian Mesquita Viana, que dedicou mais de nove anos à gestão de pessoas em contratos do setor de petróleo e gás, a base da eficiência está na capacidade de adaptação. “Trabalhar em uma região remota, como o coração da Amazônia, exigia decisões rápidas e assertivas. Em muitos momentos, não havia tempo nem estrutura para erros. A responsabilidade sobre a equipe e a operação era total, e o fator humano era o que garantia que tudo funcionasse”, explica.
Durante sua trajetória, Vivian foi responsável pela coordenação de processos de recrutamento, contratação e gestão de profissionais para unidades de extração e processamento no Norte e Nordeste do país. Em uma das operações mais emblemáticas, participou da desmontagem e remontagem de uma planta de gás natural de Santiago, na Bahia, para o Polo Arara, em plena floresta amazônica. O acesso só era possível por voo, e a distância até a capital, Manaus, ultrapassava 600 quilômetros. Em meio a essa logística desafiadora, foi responsável por contratar e estruturar equipes altamente técnicas em prazos curtos, mantendo a produtividade e o cumprimento das metas.
Os desafios de gestão nesse tipo de operação são muitos. A escassez de mão de obra qualificada, a necessidade de treinar novos profissionais e o equilíbrio entre custos e desempenho tornam o papel do administrador um ponto crítico de sucesso. Estudos do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás indicam que o país precisará formar mais de 180 mil novos profissionais até 2030 para atender à expansão do setor. Esse cenário reforça a importância de estratégias de gestão de pessoas que combinem eficiência operacional e valorização do capital humano.
Segundo Vivian, o segredo está em unir técnica e sensibilidade. “Não basta cumprir prazos e metas. É preciso compreender o que motiva cada profissional, criar vínculos e construir confiança. O trabalho em campo é intenso, e o líder precisa estar próximo, atento e humano. Esse equilíbrio é o que garante que a equipe entregue resultados sustentáveis ao longo do tempo”, afirma.

Para ela, o futuro da gestão de pessoas no setor de energia e indústria passa pela integração entre eficiência técnica, inovação e empatia. “As empresas que entenderem que o capital humano é tão estratégico quanto o tecnológico serão as que mais prosperarão. O papel do gestor moderno é garantir que esses dois mundos conversem com harmonia”, conclui.