Como de costume, o Itaú Unibanco repetiu o script cumprido há diversos trimestres ao divulgar seu resultado referente ao intervalo de abril a junho de 2025 na noite de terça-feira, 5 de agosto. Mais uma vez, o balanço trouxe números fortes, em linha ou até acima das projeções do mercado.
Entre outros dados, o lucro líquido recorrente foi de R$ 11,5 bilhões, alta anual de R$ 14,3%. O retorno sobre o patrimônio (ROE), de 23,3%, bem à frente de seus pares listados na B3. E, em mais um indicador da sua “boa forma”, o índice de capital próprio, já robusto, avançou 0,5 ponto percentual, para 13,1%.
A partir desses e de outros números, uma questão que também já está se tornando habitual para o Itaú começa a ganhar força: a possibilidade de o banco destinar novamente uma parcela dos frutos do seu balanço à distribuição de dividendos extraordinários.
“Nossa expectativa é que seremos capazes, sim, de fazer um novo dividendo extraordinário no início de 2026”, disse Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, em conversa com jornalistas na quarta, 5.
“Mas não é um dividendo extraordinário, e sim, adicional. Isso deixou de ser extraordinário, dado que todo ano temos feito”, acrescentou o executivo, reforçando o roteiro favorável escrito pelo banco em sua operação nos últimos anos.
Maluhy frisou, porém, que o banco ainda tem todo o segundo semestre pela frente e que a destinação e o volume dos recursos passarão pela avaliação de diversas métricas – das mudanças regulatórias à expectativa de crescimento da carteira e oportunidades de M&As.
“Ainda temos dois trimestres para cumprir. Então, é muito difícil prever o que pode acontecer no cenário micro e macro”, afirmou. “Agora, a melhor expectativa é que, tudo mais constante, sem dúvida não vamos reter o excesso de capital e faremos uma distribuição importante de dividendo adicional.”
Nesse contexto, Maluhy observou que o Itaú vem monitorando os possíveis efeitos do cenário macro e indicadores como desemprego e renda. Mas afirmou que não vê sobressaltos nesse cenário, além de destacar a situação confortável do banco para enfrentar quaisquer solavancos.
Em outro ponto, questionado sobre o aumento de despesas registrado no segundo trimestre, o executivo ressaltou que a maior parte dos custos vem de investimentos relevantes que o banco tem feito nos últimos anos.
“O que vem gerando impacto é o colesterol bom”, observou. “O colesterol bom é quando você aumenta o custo por mais volume e mais transacionalidade. E a gente vem investindo para ter uma plataforma mais escalável e colher benefícios desse modelo.”
Nessa frente, ele destacou o fato de a eficiência ser um mantra para o banco. E que, nessa direção, o Itaú faz a gestão do índice de eficiência – a variável que mede o custo de uma instituição para gerar receita – negócio a negócio, e não apenas no consolidado.
“Nós estamos evoluindo no índice de eficiência em todos os negócios, e por consequência, o banco teve o menor índice semestral consolidado da sua história”, afirmou. “Então, temos espaço para começar a colher mais frutos desses investimentos.”
Nesse sentido, o Itaú destacou alguns avanços, em particular, no seu braço digital, um dos principais destinos desses recursos. Em sua plataforma de full bank, por exemplo, lançada recentemente, o banco já contabiliza 10 milhões de clientes, com 3 ou mais produtos contratados.
Em relatório, o BTG frisou que o Itaú vem “subindo a barra” e que ainda há espaço para mais. E, além de indicadores como lucro líquido, ROE e índice de capital, ressaltou que está se aproximando justamente de uma mudança na narrativa em relação à eficiência e ao crescimento do banco.
Seus analistas observaram que o Itaú está passando por uma mudança estrutural em seu custo de serviço, especialmente no segmento de varejo, impulsionada por uma digitalização mais profunda, automação baseada em IA e modelos de serviço reformulados.
“Tudo isso deve levar a melhorias significativas no custo de receita até 2028. Com a queda do custo, o banco pode liberar espaço adicional para crescimento sustentável, especialmente no segmento de pessoa física, onde a redução de custos ajudará a financiar melhores ofertas e propostas de valor”, escreveu o BTG.
Com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 40 para a ação, os analistas do banco afirmaram que esse ganho de eficiência pode não se traduzir diretamente em um ROE maior. Mas acrescentaram outro ponto positivo nesse cenário.
“Preservar retornos elevados enquanto acelera o crescimento e reinveste em tecnologia e experiência do cliente continua sendo um resultado forte, o que, acreditamos, abre espaço para fazer com que o preço das ações do Itaú seja reavaliado.”
As ações preferenciais do Itaú estavam sendo negociadas com alta de 2,1% por volta das 12h30 na B3, cotadas a R$ 36,44. No ano, os papéis registram uma valorização de 30,3%, dando ao banco um valor de mercado de R$ 370,7 bilhões.
Fonte ==> NEOFEED