O Grupo Fleury encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 152,3 milhões, 12,3% abaixo do mesmo período do ano passado. O resultado foi impactado pela perda de margem líquida, que recuou 1,25 ponto percentual, para 7,5%, apesar do aumento da receita. O Ebitda ficou em R$ 532 milhões, 1,9% acima do registrado no mesmo trimestre do ano passado.
A perda de margem foi pressionada pelo aumento de 41% das despesas financeiras, investimentos em processos internos e efeitos sazonais, devido ao maior número de feriados no trimestre.
“Temos a perspectiva de que esse efeito calendário, que impactou o nosso segundo trimestre, será revertido no terceiro, porque temos menos feriados”, disse Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, em entrevista ao NeoFeed.
Os investimentos do Fleury seguem concentrados em iniciativas digitais e de inovação. Segundo Tsutsui, cerca de metade desse valor é direcionada para tecnologia da informação, com foco em projetos que aumentem a eficiência e melhorem a experiência do cliente.
Entre os exemplos citados estão o agendamento digital — que já responde por quase metade dos agendamentos da marca a+ e gerou economia de R$ 26 milhões no call center —, a aplicação de inteligência artificial em exames de ressonância, reduzindo em 50% o tempo de aquisição das imagens, e a roteirização de coletas domiciliares, que elevou em 15% a disponibilidade de profissionais.
“É um momento de evolução digital da companhia. Diferentemente de outras indústrias, onde já houve essa onda de digitalização, como no mercado financeiro, a saúde está passando agora por este processo, com ganhos significativos de eficiência”, afirmou.
Segundo a executiva, o volume de investimentos deve ficar entre 6% e 6,5% da receita da companhia neste ano. “Esse nível de investimento deve ser reduzido lá na frente.”
A receita líquida somou R$ 2,02 bilhões no trimestre, alta de 2,3%, impulsionada principalmente pelo desempenho do negócio B2C, que avançou 7,2% e já responde por 68% do faturamento total.
Entre os destaques, as marcas regionais cresceram 16,5%, sendo 10,2% de forma orgânica. O Rio de Janeiro registrou alta de 7,9% e a marca Fleury, mais madura, manteve expansão de 4,3%. O atendimento móvel, que já representa 8% da receita bruta, também teve crescimento expressivo, de 8,7%.
Nas demais frentes de negócio, o desempenho foi mais fraco. O B2B, que reúne serviços para hospitais e o modelo lab-to-lab, recuou 3,1% na receita bruta, influenciado pela saída de um cliente, pelo efeito calendário e pela base elevada de 2024, que contou com exames de toxicologia e dengue.
Já a divisão de Novos Elos, que engloba clínicas de infusão de medicamentos, ortopedia, oftalmologia e outras especialidades, registrou queda de 13,2%. Embora reconheça um ambiente mais competitivo, Tsutsui afirma que não deixará de lado essa vertente, que representa cerca de 9% da receita da empresa.
“Confiamos muito na estratégia de Novos Elos, que é de mais crescimento orgânico e menos aquisições do que fizemos no começo. Faz parte de uma estratégia de diversificação. Ao longo do tempo, temos diversificado as fontes de receita, e isso também traz resiliência”, disse.
Recentemente, o Fleury concluiu a aquisição da Hemolab, rede de laboratórios localizada no interior de Minas Gerais, e da Confiance, na região de Campinas. Os negócios reforçam a presença regional da companhia, mas ainda não entraram nos resultados do segundo trimestre.
Com alavancagem de 1,1 vez dívida líquida sobre Ebitda, o Fleury considera que a estrutura de capital está confortável e segue atento a oportunidades de aquisições. A estratégia é combinar crescimento orgânico com operações inorgânicas de menor porte, priorizando ativos de qualidade em regiões com bom potencial econômico e sinergia com as operações atuais.
“Atingidos os parâmetros de preço, estratégicos e culturais, podemos avançar em uma negociação. Temos uma área de M&A muito ativa, que fica prospectando ativos. Podemos imaginar que teremos outras oportunidades”, afirmou Tsutsui.
As ações do Fleury acumulam alta de 25,6% no ano, com avanço de 10,22% apenas em julho, movimento influenciado por rumores sobre uma possível fusão com a Rede D’Or. A administração não quis comentar sobre o assunto durante a entrevista.
Em fato relevante de 21 de julho, a companhia negou ter qualquer decisão ou acordo, vinculante ou não, envolvendo a Rede D’Or, mas afirmou que segue monitorando o mercado em busca de oportunidades alinhadas aos seus planos de investimento e objetivos estratégicos. O Fleury encerrou o pregão desta quinta-feira avaliado em R$ 7,97 bilhões na B3.
Fonte ==> NEOFEED