Você já viu uma inteligência artificial (IA) que cria imagens? Sabe como fazer? Ao longo dos últimos anos, diversos modelos de IA foram disponibilizadas ao público.
Os mais conhecidos são os modelos de processamento de linguagem, como o ChatGPT. Mas a tecnologia vai além: também existem ferramentas baseadas em modelos visuais generativos, capazes de criar imagens de forma autônoma, por vezes, hiperrealistas – mesmo que você não tenha conhecimento de desenho ou edição.
Algumas das plataformas para gerar imagens com inteligência artificial são o Midjourney, Stable Diffusion, além do próprio ChatGPT – que desde março de 2025 passou a contar com esse recurso.
1. ChatGPT
O famoso ChatGPT, que há três meses incorporou o recurso de geração de imagens por inteligência artificial, é o mais simples. Se você já o utiliza, basta digitar seu pedido de imagem na área de busca.
Confira o passo a passo:
- Entre no site do ChatGPT e faça login;
- Escreva na área de busca a imagem que deseja (exemplo: “uma imagem de um leão na Antártica de boné verde”).
Veja o resultado:
Caso opte por uma versão mais completa e aprimorada da OpenIA, o DALL·E – incorporado ao ChatGPT –, que está disponível por meio de assinatura paga, pode ser uma boa opção.
Lançado em 2021, seu nome brinca com o nome do pintor Salvador Dalí (1904-1989) e o personagem robô do filme infantil WALL·E. Para acessá-lo, é necessário fazer uma assinatura “Plus” ou “Enterprise”.
2. Midjourney
Integrado ao Discord, o Midjourney é uma das ferramentas de inteligência artificial mais utilizadas. Para obtê-la, é necessário uma assinatura paga e atualmente não existem opções gratuitas.
O plano mais acessível, o “Basic Plan” (Plano Básico), que custa oito dólares (R$44,35) por mês, permite o usuário gerar até 200 prompts. Confira o passo a passo:
- Faça uma conta conta no Discord;
- Acesse o site do Midjourney, clique em “Login” e escolha o ícone do Discord para entrar na plataforma. Desde o ano passado, também é possível fazer o login pelo Gmail;
- Assine o plano mais conveniente para você;
- Feita a assinatura, acesse a tela inicial e clique no ícone do Discord no canto superior esquerdo. Após, selecione o ‘Midjourney Bot’. É através desse chat privado que você poderá iniciar a criação de suas imagens. Também é possível acessar os recursos através do site, entretanto, algumas funções são limitadas;
- Para pedir uma criação ao Midjourney, escreva “imagine” mais a sua ideia. Assim, a plataforma te apresentará as opções.
3. Microsoft Image Creator
Antes chamado de Bing Image Creator, o Microsoft Image Creator é uma ferramenta totalmente gratuita e seus usuários podem criar até 15 prompts por dia. Confira:
- Acesse o site do Microsoft Image Creator e crie uma conta microsoft caso ainda não tenha e posteriormente, faça o login;
- Clique em “Descreva sua imagem” e, em texto, digite a criação que deseja;
- Ele gerará automaticamente algumas opções, clique na escolhida e faça o download;
- É possível editar as opções que a plataforma apresenta.
4. WhatsApp
Muitos podem não saber mas através das recentes atualizações que implementaram a Meta IA – ferramenta de inteligência artificial disponível no WhatsApp – é possível gerar imagens feitas por IA. A função vale tanto para usuários Android quanto para IOS. Confira:
- No WhatsApp, abra a conversa com Meta AI;
- Já na conversa, faça os pedidos de imagem que deseja;
- Também é possível usar a Meta IA em outras conversas. Para ativá-la basta marcar @Metaai e fazer o pedido.
Confira o resultado de um pedido para que a Meta AI gerasse uma imagem de um urso e um tigre abraçados:
5. Whisk
Ao contrário de outras plataformas de geração de imagem, a Whisk se destaca por permitir a criação de fotos a partir de outras imagens – dispensando o uso de longos prompts em texto. Para utilizar, siga as instruções abaixo:
- Entre no site oficial do Whisk e faça seu login;
- Clique em “Abrir Ferramenta”;
- Insira as imagens do lado esquerdo da tela. É necessário colocar uma para “Assunto”, outra para “Ambiente” e por fim, uma para “Estilo”;
- Clique na seta do lado direito da tela e espere até que sua imagem seja gerada.
Desenvolvido pelo Google, o Whisk esclarece em seu site que extrai apenas algumas características-chave da imagem enviada. Por isso, os resultados podem diferir do esperado. A plataforma reconhece que esses elementos podem ser cruciais para determinados projetos e, por isso, permite que o usuário visualize e edite as informações subjacentes a qualquer momento.
Possuo os direitos autorais de uma imagem criada por IA?
Por não existir uma legislação vigente ou uma jurisprudência consolidada, o tema é considerado complexo. Portanto, a reportagem consultou André Marsiglia, advogado, professor de Direito Constitucional e integrante do programa “Sem Rodeios”, da Gazeta do Povo.
O jurista afirma que, pela nossa legislação não abordar essa questão, “ainda é uma lacuna afirmar quem é o autor de uma imagem produzida por inteligência artificial”
“A tendência do judiciário, seja por aproximação legislativa, seja por alguns julgados espaços, é de que se considere autor aquele que insere os comandos que resultam na obra da inteligência artificial”.
Ele sustenta sua argumentação a partir da seguinte tese: “ele teria assim agregado à inteligência artificial uma autoralidade. Então, os comandos seriam o que há de autoral agregado da inteligência e, por isso, a pessoa seria o autor”.
Entretanto, ele ressalta que essa visão não é consolidada. “É controverso. E isso depende que aquela inteligência artificial, aquele material, seja lícito”.
Para além da questão da autoralidade sobre uma obra produzida, também há outras discussões jurídicas que permeiam artes feitas a partir de IAs.
Uma delas envolve os bancos de dados usados pelas plataformas, que reúnem milhões de imagens da internet e muitas delas possuem direitos autorais. Ou seja, o produto final gerado pela inteligência artificial pode violar os direitos de outros artistas.
“As plataformas hoje usam bancos de dados totalmente discutíveis. Nós, sem sabermos, temos os nossos dados o tempo inteiro fornecidos para alimentar a inteligência artificial. Muitas vezes, a nossa anuência é condicionada ao uso das ferramentas”.
“Nós somos coagidos a dizer sim para que eles tratem os nossos dados de maneira a utilizá-los para que a inteligência artificial aprenda”.
Ele completa afirmando que: “Você que é um terceiro e algum material comprovadamente seu é usado pela inteligência artificial ou por alguém que deu os comandos para inteligência artificial e você consegue demonstrar que você não autorizou que aquilo fosse utilizado, você pode reclamar como um conteúdo”.
Especialista Bruno Feigelson argumenta que “não é a IA que cria por si só”
Bruno Feigelson, mestre em Direito pela UERJ, pós doutor em Direito pela Unirio e sócio do Lima ≡ Feigelson Advogados, também aponta que a legislação atual não contempla o tema à luz dos avanços tecnológicos recentes e afirma que estamos diante de um “vácuo normativo”.
“A legislação atual foi feita para um mundo analógico e simplesmente não responde aos dilemas que a inteligência artificial traz para o direito autoral”, afirma Feigelson.
Sobre questões autorais, ele considera que ”não é a IA que cria por si só”.
“Alguém define o objetivo, escolhe referências, escreve comandos. Essa intencionalidade humana precisa ser reconhecida na análise jurídica”. Para Feigelson, o “desafio aqui é definir em que medida há a criação do espírito. E isso deve ocorrer caso a caso”.
Fonte ==> Gazeta do Povo.com.br
