COP30: ministros de Agricultura se reúnem em Brasília – 09/10/2025 – Vaivém

Agricultor trabalha no Núcleo Rural Vargem Bonita, em Brasília

O IICA (Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura) está prestes a mudar de direção. De 3 a 5 de novembro, 32 países das Américas se reúnem, em Brasília, e uma das pautas será a eleição do novo diretor geral, que assumirá no início de janeiro de 2026.

Guiana, Honduras e Uruguai apresentaram candidatos para suceder o diretor atual, Manuel Otero, médico veterinário argentino que dirige a entidade desde 2018. Espera-se da nova direção uma continuidade da intensa atividade desenvolvida pelo IICA nos anos recentes.

A instituição teve uma presença constante na discussão e na implementação de políticas que buscam, em primeiro lugar, o avanço da produção, com garantias de sustentação de renda para o produtor, e, como efeito disso, uma segurança alimentar e redução da fome na América Latina e no Caribe.

A busca pela produção deve ser pautada pela ciência, que pode dar não só respostas para o aumento de produtividade, mas também como gerar maior sustentabilidade ao setor. Como afirma Otero, o atual diretor, a agricultura é solução para a sociedade e não problema.

Tecnologia no campo e inovação na transformação produtiva sempre foram focos da entidade, tanto na agricultura como na pecuária dos países do continente. Acordos de cooperação técnica com universidades, empresas, países membros e outras entidades deram um impulso ao setor que, em muitos países, têm pouco conhecimento de novas formas de produção e são carentes de tecnologias.

Uma das grandes preocupações da entidade é a fixação do produtor no campo, principalmente a do jovem. Para isso, desenvolveu pesquisas e programas sobre a conectividade no campo, garantindo ao produtor as mesmas informações geradas para os centos urbanos e possibilitando a capacitação profissional via digital.

Dentro do programa da entidade está a possibilidade do acesso dos produtores, principalmente dos pequenos, a dados de qualidade e participação em tecnologias emergentes que surgem constantemente.

A sede central do IICA, na Costa Rica, tem sido um laboratório de jovens pesquisando e desenvolvendo novas tecnologias para uma gama de áreas do agronegócio. Os temas são os mais variados, e vão da busca da resiliência do setor aos fortes eventos climáticos, ao uso da água, à geração de investimentos e à garantia de renda e de financiamentos dos produtores via agtechs e startups.

A inteligência artificial entrou no foco da entidade. Embora ainda uma ferramenta um pouco distante da agricultura, ela poderá dar informações mais precisas sobre clima, mostrar novos caminhos para produção e trazer soluções para os desafios reais do setor agrícola.

A participação das mulheres no campo e a agricultura familiar, os elos mais necessitados dessa cadeia, sempre têm estado presentes nas discussões e propostas da entidade.

Bioeconomia e biocombustíveis também são programas de apoio desenvolvidos pelo IICA, em busca de mais sustentabilidade e uso responsável dos recursos biológicos. A agricultura tem papel importante na transição energética, principalmente a América Latina que tem vantagens competitivas em relação a outras regiões.

Além da eleição do novo diretor do IICA, a agenda da reunião de Brasília incluirá discussões sobre como construir uma narrativa que valorize mais o setor e o seu papel fundamental para a segurança alimentar. Além disso, estará em discussão como posicionar o setor como um provedor de soluções para crises de qualquer natureza, incluindo migratórias ou climáticas, dada sua capacidade de promover a permanência das pessoas nas zonas rurais e de sequestrar carbono.

O IICA, um organismo internacional especializado em desenvolvimento agrícola e rural, com sede na Costa Rica, se propõe a levar a voz da agricultura das Américas à COP30. Esteve com ministros e produtores nas últimas três e estará na de Belém (PA), neste ano.

A nova administração terá pela frente um desafio na continuidade desses programas e objetivos da entidade, principalmente em períodos de recursos curtos como o atual. O candidato da Guiana, Muhammad Ibrahim, é ex-diretor de Cooperação Técnica do IICA e ex-diretor geral do Catie (Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino), uma importante escola de agricultura. Ele esteve na quarta-feira (8) no Brasil para obter apoio político à sua candidatura. Já declararam votos nele os 14 países do Caricom (Caribe), mais México e Paraguai.

O candidato do Uruguai será o ex-ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca, Fernando Mattos. A de Honduras, Laura Suazo, é secretária de Agricultura e Pecuária do país.

O IICA tem a participação de 34 países, mas Venezuela e Nicarágua não votam. São necessários 17 votos para o candidato ser eleito. O Brasil ainda não se manifestou formalmente em quem votará.



Fonte ==> Folha SP

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