Após pouco mais de dois anos colocando a casa em ordem, a Guararapes, controladora das lojas Riachuelo e Carter’s, se prepara para retomar a agenda de expansão no segundo semestre e acelerá-la a partir de 2026.
O ponto de virada da estratégia se deve, especialmente, à redução do endividamento da companhia, que passou de uma relação acima de 2 vezes dívida/Ebitda, em 2022, para 0,7 vez no segundo trimestre deste ano.
“Saímos muito endividados da pandemia. Mas, com a desalavancagem, voltamos a abrir lojas no ano passado. Foram 15 Carter’s e uma Riachuelo. A partir do ano que vem, queremos acelerar a abertura das duas bandeiras e inaugurar entre 15 e 20 lojas por ano”, disse André Farber, CEO da Guararapes, em entrevista ao NeoFeed.
A Guararapes encerrou o segundo trimestre com 436 lojas, 25 a mais do que no início do ano. No entanto, não foram abertas unidades da Riachuelo, que são maiores e exigem mais investimento. Ainda neste ano, Farber pretende abrir de sete a oito lojas da marca. “Vamos abrir todas agora, no segundo semestre.”
O executivo afirma que a dívida não é mais uma preocupação e que o processo de desalavancagem está praticamente encerrado. “Depois de dois anos de resultados consistentes, já pré-pagamos várias das nossas parcelas. Não temos mais necessidade de reduzir a dívida.”
Além do menor endividamento, a companhia vive um momento operacional mais favorável. No balanço divulgado nesta quarta-feira, 6 de agosto, a Guararapes apresentou lucro líquido de R$ 143 milhões, o maior da sua história para um segundo trimestre e 151% acima do mesmo período do ano passado.
O Ebitda subiu 21% na comparação anual, para R$ 436 milhões – valor que, em 2022, não era alcançado nem no quarto trimestre, tradicionalmente impulsionado pelas festas de fim de ano.
Os números refletem uma reestruturação promovida por Farber desde sua chegada à empresa, em maio de 2023, após ter comandado a Dafiti.
“Tem muita coisa que temos mudado, como estratégia, pessoas, processos, sistemas, evolução cultural, e estamos colhendo os frutos.” Os esforços têm dado resultado, com as vendas de vestuário nas mesmas lojas crescendo por oito trimestres consecutivos. No segundo trimestre, a alta foi de 15,8%.
Apesar dos avanços, a companhia entende que ainda há espaço para aprimorar seus processos e, para isso, pretende investir R$ 600 milhões em tecnologia neste ano. “A nossa cadeia é muito complexa e tem muitos elementos nos quais a tecnologia é essencial.”
Parte desses recursos está sendo aplicada nos centros de distribuição, com automação e uso de robôs para separação e envio de produtos às lojas, com maior precisão na reposição de estoques via inteligência artificial.
Os investimentos também incluem a modernização dos pontos de venda, com a implementação de novos sistemas de caixa e atendimento, além de melhorias na plataforma de e-commerce.
Com a operação voltando aos eixos, as ações da Guararapes acumulam valorização de 30,2% no ano, indo a R$ 4 bilhões de valor de mercado. Embora o desempenho supere o do Ibovespa, que subiu 12% no período, os papéis ainda ficam atrás dos principais concorrentes, com Renner avançando 49% e C&A, 140%.
Fonte ==> NEOFEED