Do mercado financeiro à consultoria: como a busca por qualidade de vida se tornou uma estratégia empresarial

Nos últimos anos, cresce o número de executivos que deixam cargos em bancos e grandes corporações para empreender em busca de um objetivo muitas vezes negligenciado: qualidade de vida. A mudança não significa abrir mão de resultados, mas sim encontrar novas formas de liderar negócios de maneira sustentável, equilibrando performance com propósito.

No setor financeiro, conhecido por sua rotina intensa e alta pressão, a jornada de trabalho pode facilmente ultrapassar 12 ou 14 horas diárias. Essa realidade, embora forme profissionais altamente qualificados, também leva muitos deles a repensarem o rumo da carreira. É nesse contexto que surge uma tendência: transformar a experiência acumulada em consultoria e empreendedorismo, criando negócios próprios ou prestando serviços especializados a empresas que precisam de visão estratégica.

O consultor e empresário Luis Antonio Tomazi conhece bem essa transição. Com mais de 25 anos de carreira, iniciou sua trajetória em instituições de peso como a Zurich Seguros, Banco Real e Banco Safra. Nessas experiências, aprofundou-se em áreas como análise de crédito, gestão de risco e relacionamento corporativo. O repertório adquirido foi fundamental para construir a base de sua atuação posterior como consultor de empresas em setores tão diversos quanto petróleo, papel, indústria têxtil e serviços de facilities.

Para Tomazi, o maior aprendizado dessa mudança está em compreender que qualidade de vida não é um obstáculo aos negócios, mas um fator estratégico. “Empresários e executivos que conseguem equilibrar resultados com bem-estar criam empresas mais sustentáveis. O excesso de horas pode gerar crescimento no curto prazo, mas a médio e longo prazo mina a produtividade, afeta decisões e prejudica a capacidade de inovação”, explica.

A experiência de quem deixou o banco para empreender também revela um ponto essencial: a importância da autonomia para definir prioridades. No caso de Tomazi, a decisão de abrir seu próprio escritório em 2008 foi tomada em conjunto com a família, com o objetivo de reduzir o ritmo exaustivo e ter mais tempo para construir projetos de longo prazo. Ao longo de 16 anos, esse modelo permitiu atuar em diferentes indústrias, aplicar soluções personalizadas e manter a consistência de resultados sem abrir mão da vida pessoal.

A transição do mercado financeiro para a consultoria mostra ainda como a bagagem adquirida em grandes corporações pode beneficiar pequenas e médias empresas. O olhar treinado para riscos, números e processos, típico do setor bancário, encontra espaço em negócios que muitas vezes carecem de governança e organização. Para Tomazi, esse é um dos grandes diferenciais que o consultor com origem no setor financeiro pode oferecer: “A disciplina de análise que aprendemos no banco é valiosa para qualquer empresa. Quando aplicamos essa visão ao empreendedorismo, conseguimos alinhar crescimento com segurança e sustentabilidade.”

O movimento de executivos em busca de mais equilíbrio sinaliza uma mudança cultural no mundo dos negócios. O foco não está apenas em resultados imediatos, mas em construir empresas duradouras, capazes de gerar valor para sócios, colaboradores e sociedade. Nesse cenário, histórias como a de Luis Antonio Tomazi reforçam uma ideia cada vez mais evidente: a qualidade de vida é, em si, uma estratégia de negócios.

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