Representantes do governo de Donald Trump se reuniram nesta terça-feira (18) com autoridades russas, na Arábia Saudita, para discutir, entre outros assuntos, um possível fim para a guerra na Ucrânia.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmou após a reunião que Washington nomeará uma “equipe de alto nível” para negociar o fim do conflito no leste europeu.
“Vamos designar uma equipe de alto nível para ajudar a negociar e executar o trabalho até o fim do conflito na Ucrânia de uma forma que seja duradoura e aceitável para todas as partes envolvidas”, disse, após o encontro em Riad com uma delegação russa, liderada pelo ministro das Relações Exteriores de Moscou, Sergey Lavrov.
Segundo o chefe da diplomacia americana, Washington e Moscou concordaram em “começar a trabalhar em alto nível para discutir, pensar e examinar a cooperação geopolítica e econômica que poderia resultar do fim do conflito na Ucrânia”.
“Obviamente, temos que ver esse conflito chegar a um fim bem-sucedido e duradouro para que isso seja possível”, acrescentou Rubio, observando que ambos os lados concordaram que suas respectivas equipes “trabalharão em tudo isso” e permanecerão “envolvidas neste processo” para garantir “que avance de forma produtiva”.
Por outro lado, o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov, afirmou à emissora de televisão estatal russa que os países concordaram em respeitar mutuamente seus interesses durante suas conversas em Riad, na Arábia Saudita, mas ainda não começaram a negociar uma solução para o conflito na Ucrânia.
“As negociações acabaram. Não foram mal. Tivemos uma conversa muito séria sobre todas as questões que queríamos abordar”, afirmou Ushakov.
Sobre o processo de negociação, Rubio disse que este deve levar a “um fim permanente da guerra e não um fim temporário”, ao mesmo tempo em que sugeriu que “a realidade prática é que haverá algum debate sobre território e haverá um debate sobre garantias de segurança”.
Além disso, lembrou que o presidente dos EUA, Donald Trump, expressou “seu desejo, sua determinação” de acabar com a guerra e “o massacre que vem ocorrendo” desde o início da invasão russa à Ucrânia em 2022, onde, nas palavras de Rubio, há “campos de extermínio no leste e no sul que são inaceitáveis”.
“O presidente Trump mudou toda a conversa global, de se a guerra vai acabar, para como ela vai acabar. E somente o presidente Trump pode fazer isso”, ressaltou o secretário de Estado.
As negociações em Riad, que começaram às 10h30 (horário local, 4h30 de Brasília), duraram cerca de quatro horas e meia.
Do lado russo, a delegação incluiu Lavrov, o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov, e o chefe do Fundo de Investimentos Diretos, Kirill Dmitriev.
Os EUA foram representados por Rubio, pelo conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz, e pelo enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff.
Este foi o primeiro encontro entre um ministro das Relações Exteriores russo e um secretário de Estado americano desde o realizado em janeiro de 2022 – um mês antes do início da guerra – entre Lavrov e seu então homólogo americano Antony Blinken.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterou mais cedo que não aceitará nenhum acordo sobre seu país pactuado pelas costas de Kiev e de seus aliados europeus.
Rubio e Lavrov concordaram ainda em “estabelecer mecanismos de consulta para resolver problemas no relacionamento com o objetivo de tomar as medidas necessárias para normalizar a operação das respectivas missões diplomáticas” e se comprometeram a estabelecer as bases para a cooperação em “questões de interesse geopolítico comum e nas oportunidades econômicas e de investimento históricas que surgirão com o fim bem-sucedido do conflito na Ucrânia”.
O governo Trump reiterou que a Ucrânia deve fazer concessões territoriais e insistiu que Kiev deve compensar os EUA com exportações de terras raras e outras medidas pelos bilhões em apoio militar e financeiro que Washington forneceu nos últimos três anos desde a invasão russa.
Putin está pronto para negociar com Zelensky, diz Kremlin
Mais cedo, nesta terça-feira, o porta-voz do Kremlin russo, Dmitry Peskov, afirmou que o ditador Vladimir Putin está pronto para negociar com Zelensky, mesmo que questione sua legitimidade.
“O próprio Putin disse repetidamente que manterá negociações com Zelensky se necessário”, disse Peskov em sua coletiva de imprensa diária por telefone.
Por outro lado, o porta-voz lembrou “a realidade que fala da possibilidade de questionar a legitimidade de Zelensky” na hora de estabelecer os acordos que sejam assinados entre ambas as partes.
Peskov se referiu assim à alegação de Putin de que Zelensky deixou de ser o presidente legítimo em maio do ano passado ao não convocar eleições presidenciais quando seu mandato de cinco anos expirou, algo que Kiev rejeita categoricamente.
As autoridades e os meios de comunicação russos sugeriram que Zelensky poderia participar das negociações, mas não assinar os documentos resultantes.
Fonte ==> Gazeta do Povo e Notícias ao Minuto