Ilhados com a Sogra surpreende entre os reality shows – 17/01/2025 – Gustavo Alonso

Ilhados com a Sogra surpreende entre os reality shows - 17/01/2025 - Gustavo Alonso

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Estreou no início deste ano a segunda temporada do reality show “Ilhados com a sogra” na Netflix. De vez em quando, em meio à imensidão de mediocridade e mais do mesmo que a cultura de massa produz, surge um produto que se destaca.

“Ilhados com a sogra” reúne genros/noras e sogras para uma competição por um prêmio em dinheiro. O menos interessante é o final. Em meio a convivência forçada, o que se vê é um programa que consegue complexificar as relações humanas e sobreviver para além do estereótipo do título.

O formato do reality show tornou-se tão hegemônico quanto inescapável na mídia brasileira. Há aqueles em que um participante sobrevive em terreno hostil, como no histórico “No limite” (Globo) ou o sensacionalista “Largados e pelados” (Discovery). Há os reality de culinária que inundam a TV brasileira, sendo o mais famoso deles o “MasterChef“, da Band. Há os tipos “namoro na TV”, como o “The Bachelor” (Discovery) ou “De férias com o ex” (MTV).

Há ainda aqueles que mostram o dia a dia de um profissional, como “Dr. Hollywood” (Rede TV!), que abordou a vida de um cirurgião plástico, o hoje esquecido Dr. Rey. Ou “Trato Feito” (History Channel), sobre uma loja de penhores de Las Vegas.

Há também os que vendem a oportunidade de emprego a um novato, do tipo “O Aprendiz” (Record). Curiosamente, esses realities fizeram mais a fama dos apresentadores, de Donald Trump nos EUA a Roberto Justus no Brasil, do que dos participantes. E há os de convivência, do qual o “Big Brother Brasil” (Globo) é o exemplo mais famoso.

Até cânones da cultura brasileira se renderam aos realities. Recentemente o tropicalista Gilberto Gil aderiu à onda na série “Em casa com os Gil” (Prime).

O que faz com que um reality seja melhor que outros? Diante da infinidade de produtos, quais serão aqueles que sobreviverão ao filtro do tempo? Afinal, há tosqueiras como “Mulheres ricas” (SBT) ou “Papito in Love” (MTV) e programas interessantes como experimentos sociais como “Encantador de Cães” (Animal Planet), “Supernanny” (SBT), “Troca de esposas” (Record) ou investigativos como “Catfish Brasil” (MTV).

Ainda, dentre as temporadas de um mesmo reality, como nas 25 temporadas de Big Brother Brasil, há aquelas que mobilizam as multidões, e outras que flopam consideravelmente. Então o que faz um reality dar certo?

Os realities mais bem-sucedidos parecem ser aqueles que conseguem construir uma narrativa convincente. Ainda que mediada por várias camadas de edições e maquiagens, um reality é tão mais bem sucedido se puder nos convencer que o que está sendo contado tem verossimilhança, ou seja, coerência narrativa. Não difere tanto assim de uma série ou novela.

“Ilhados com a Sogra” consegue fazê-lo. Parte de um preconceito comum nas sociedades ocidentais, a chacota com o personagem da sogra, para ir a fundo nas pequenezas humanas de todos os lados dessa relação. Além de mero entretenimento banal, consegue fazer pensar.

Ainda que se argumente que nenhum reality é de fato a “verdadeira verdade” das relações sociais, “mentiras sinceras interessam”, como diria Cazuza. Em qualquer história, a verossimilhança é mais importante do que a verdade. Mesmo nas falsas.



Fonte ==> Folha SP

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