O agronegócio brasileiro, responsável por cerca de um quarto do PIB nacional e quase metade das exportações do país, vive uma transformação silenciosa e decisiva. À medida que cresce a pressão global por práticas produtivas sustentáveis e eficientes, a agricultura de precisão e a ciência de dadosse consolidam como os principais motores da nova competitividade do setor.
A modernização das lavouras, antes associada apenas ao aumento da produtividade, agora está diretamente ligada à sustentabilidade ambiental e à rastreabilidade da produção. O uso de sensores, drones, análises preditivas e inteligência artificial tem permitido aos produtores brasileiros reduzir desperdícios, otimizar recursos e planejar colheitas com precisão inédita.
De acordo com a Embrapa, o uso de tecnologias digitais no campo pode elevar em até 25% a produtividade das lavouras e reduzir em 20% o consumo de insumos. Essa tendência coloca o Brasil entre as nações mais avançadas do mundo em agricultura tropical e reforça o papel do país como fornecedor estratégico de alimentos sustentáveis para o mercado global.
Entre os exemplos que ilustram essa nova fase do agro está o engenheiro agrônomo Vitor Horita, formado pela ESALQ/USP e mestre em Agronegócio pela FGV. No Grupo Horita, um dos maiores do oeste da Bahia, ele aplicou princípios de agricultura regenerativa e manejo inteligente do solo, integrando tecnologia e boas práticas ambientais. As técnicas de plantio direto, aumento da matéria orgânica e aplicação localizada de fertilizantes elevaram a produtividade e reduziram os impactos ambientais.
“Produzir de forma sustentável não é custo, é investimento. O uso inteligente da tecnologia permite extrair o máximo potencial da terra com o mínimo de impacto”, afirma Horita, que atualmente cursa mestrado em Data Analytics and Artificial Intelligence na Nova Southeastern University, nos Estados Unidos.
A agricultura baseada em dados é o próximo passo da transformação digital do campo. O uso de algoritmos e modelos preditivos permite prever variações climáticas, identificar padrões de produtividade e otimizar o uso da água e dos fertilizantes. Para especialistas, essa convergência entre agronomia e tecnologia inaugura o conceito de Agricultura 5.0, em que a automação e a sustentabilidade caminham juntas.
Horita explica que a inteligência artificial será decisiva para a próxima década do agronegócio. “O campo produz uma quantidade gigantesca de informações que ainda não são plenamente utilizadas. Transformar dados em decisões estratégicas será o diferencial competitivo do futuro”, avalia.
Além da tecnologia, a sustentabilidade tem se tornado um eixo central da competitividade agrícola. As novas exigências de mercado, especialmente na Europa e na Ásia, exigem comprovação de práticas éticas e rastreabilidade ambiental. O Brasil, que já exporta para mais de 200 países, avança com iniciativas que reforçam sua credibilidade global.

Durante sua atuação como tesoureiro da ABAPA (Associação Baiana dos Produtores de Algodão) e membro do conselho fiscal da ABRAPA (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), Horita participou de projetos que promovem certificações como o Algodão Brasileiro Responsável (ABR)e o Demand Chain Integrity (DCI). Essas certificações asseguram que a produção é livre de trabalho infantil, respeita o meio ambiente e segue princípios de governança.
“Os mercados internacionais valorizam o algodão e a soja do Brasil não apenas pela qualidade, mas pela responsabilidade de produção. As certificações mostram que o agro brasileiro está alinhado aos padrões globais de sustentabilidade”, comenta o engenheiro.
Outro exemplo de inovação aplicada à competitividade foi o projeto Patrulha Mecanizada, liderado por Horita enquanto integrante da ABAPA. A iniciativa asfaltou mais de 60 quilômetros de estradas vicinais no oeste da Bahia, facilitando o escoamento de grãos e melhorando a qualidade de vida nas comunidades rurais. A redução de custos logísticos e o impacto social positivo tornaram o projeto referência em gestão cooperada no agronegócio.
“O campo não vive isolado. Cada estrada pavimentada, cada melhoria logística é também um investimento em desenvolvimento humano. A agricultura é parte essencial da infraestrutura do país”, destaca Horita.
A combinação entre ciência de dados, sustentabilidade e infraestrutura rural está moldando um novo ciclo de crescimento para o agronegócio brasileiro. Mais do que produzir, o país agora busca consolidar sua imagem como líder mundial em eficiência ambiental e tecnologia aplicada à produção agrícola.
Para especialistas, a agenda de inovação no agro brasileiro tem potencial para atrair investimentos internacionais e fortalecer a imagem do país como potência global da agricultura sustentável. “A agricultura do futuro será digital, regenerativa e colaborativa. O Brasil tem todos os recursos para liderar essa revolução”, conclui Vitor Horita.