O volume expressivo de novos contratos firmados no segundo trimestre, que alcançaram R$ 1,5 bilhão, contribuiu para o resultado da JSL, companhia de logística do grupo Simpar, que registrou receita líquida de R$ 2,4 bilhões, alta de 11,2% sobre o valor reportado na mesma base de 2024.
O Ebitda ajustado foi de R$ 491,7 milhões, com crescimento de 23,5% sobre o segundo trimestre do ano anterior. Os índices registrados pela companhia foram acima do que previa o banco BTG Pactual para o período, em relatório publicado no mês passado.
“O meu ciclo de novos contratos tem sido maior do que o volume de encerramento nos últimos anos. Do nosso IPO [em setembro de 2020] para cá, nosso CAGR [taxa de crescimento anual] tem sido de 18% de crescimento orgânico, sem levar em conta as aquisições”, diz Guilherme Sampaio, CFO da JSL, ao NeoFeed.
No lucro líquido, a JSL alcançou R$ 21,4 milhões, uma queda de 80%. Só que, nesse valor, segundo o CFO, está um crédito de R$ 150 milhões do Sistema S. Sem isso, o lucro líquido ajustado cresceu 9,9%. A alavancagem no período apresentou desaceleração de 0,1 ponto percentual, para 3,1 vezes a relação dívida versus Ebitda.
Entre os novos contratos assinados no segundo semestre, está o de movimentação de toda a importação e exportação no armazém do aeroporto de Guarulhos (SP), depois da fase alfandegária. A JSL faz o acondicionamento dessa carga, até que o transportador faça a retirada. A operação começou em 1º de maio e tem duração de nove anos.
No caminho para melhora de rentabilidade e redução do endividamento, a empresa implementou, no segundo trimestre, um plano de eficiência operacional, para aproveitar, de uma maneira mais organizada, a sinergia em vários setores das oito empresas adquiridas pela JSL desde a abertura de capital.
“Vamos realmente utilizar o tamanho da escala da JSL como benefício para o negócio. Isso inclui o que podemos fazer forma concentrada, como utilizar o poder de novas tecnologias para funções que não precisamos ter mais. São sinergias entre as empresas, sem mexer com a independência de cada uma delas”, afirma Sampaio.
Um dos exemplos listados pelo CFO é a torre de monitoramento de frota, que cada subsidiária da JSL tinha a sua. A ideia é, nesse caso, centralizar esse tipo de serviço. A JSL já mapeou o volume de R$ 110 milhões em sinergias para serem capturadas, que estarão nesse plano.
Ainda na linha da busca por mais rentabilidade, a JSL registrou no segundo trimestre queda no transporte de grãos, mas em um movimento calculado pela empresa, que caminha para deixar de atender esse setor, justamente para garantir a manutenção do negócio saudável. Hoje, esse segmento representa algo em torno de 0,5%.
Em maio de 2023, a JSL comprou a IC Transportes por R$ 587 milhões, que fazia essa operação, mas não era rentável. “Quando compramos, vimos que ela precisava de um ajuste de margens operacionais. E a primeira coisa que identificamos é que o transporte de grãos não cabia na companhia”, afirma Sampaio. “Assim, fomos reduzindo o volume, até o patamar que está hoje.”
Segundo o CFO, a companhia de logística não deverá ser afetada diretamente pelo impacto do tarifaço de 50%, imposto pelo presidente americano Donald Trump, aos produtos que chegam do Brasil, e que entrou em vigor hoje.
A resposta está justamente nos setores preferencialmente atendidos pelos caminhões da JSL, e que, em sua maior parte, está isento da taxação. “A gente atende muito celulose, automotivo minério de ferro, que no fim ficaram de fora da lista. Apesar da dúvida inicial e da preocupação, hoje percebemos que não estamos nessa rota.”
No market share da companhia, o setor de alimentos e bebidas representa 24%, papel e celulose, 17%; automotivo, 14%. O segmento de varejo e e-commerce, que teve alta de 41% no trimestre, já representa 6% da empresa.
No caso da carne, segmento que a JSL atua, o principal mercado é o Mercosul, por volume rodoviário e quase nenhuma operação via porto. “Essa é a importância da diversificação, por estar presente em vários fluxos e em muitos setores. Para a gente, o tarifaço não teve efeito.”
Venda de ativos
O volume expressivo de crescimento da companhia desde a realização do IPO, há quase cinco anos, a um patamar atual quatro vezes superior à receita do reportado em 2020, acabou gerando uma espécie de efeito colateral e “bom problema”, como define a empresa: com mais contratos, foi necessário comprar mais caminhões e outros equipamentos para acompanhar o aumento da demanda.
Isso gerou um volume de ativos que soma R$ 620 milhões, à disposição para venda, após vencer o ciclo de utilização nos projetos contratados.
“Isso evidencia totalmente o tamanho da companhia, que vem crescendo de forma muito expressiva ao longo dos anos. Mas precisamos aumentar esse ritmo de vendas desses ativos nos próximos meses”, afirma. “É um problema bom, mas a gente precisa resolver.”
No segundo trimestre deste ano, a empresa arrecadou R$ 108 milhões com a venda desses ativos, volume que representou uma alta de 55% sobre o mesmo período de 2024. Ainda assim, a empresa pretende acelerar esse processo, para reduzir ainda mais o volume desses itens que estão parados e podem gerar receita.
“A gente imagina chegar ao volume de R$ 250 milhões em até um ano, um valor considerado saudável para o nosso negócio. Quanto menor, melhor”, explica o CFO.
Em um contrato de transporte de madeira, por exemplo, a cada três anos a empresa renova esses caminhões, compra novos e coloca esses usados para venda. Além de caminhões, são ônibus, carretas, empilhadeiras, tratores, veículos leves, utilitários, entre outros.
“O lado bom é que são ativos líquidos, rapidamente vendáveis. O nosso caminho agora é poder vender mais do que a gente compra, para reduzir esse estoque. Com o ativo não utilizado, a gente fica com esse custo. E esse recurso poderia estar no banco rendendo”, explica.
Na B3, as ações da JSL registram cenário estável no acumulado de 2025, com alta de 0,57%. A companhia de logística do grupo Simpar está avaliada em R$ 1,5 bilhão.
Fonte ==> NEOFEED
