Privatizada há três anos, a Eletrobras entregou um balanço financeiro do segundo trimestre acima do consenso de mercado, como um lucro líquido ajustado de R$ 1,47 bilhão, 43,3% superior ao mesmo período do ano anterior.
A consequência foi um “boost” nas ações. Os papéis da companhia abriram o pregão de terça-feira, 7, em forte alta na B3 – por volta de 15h, as ações ELET3 e ELET6 registravam alta de 8,14% e 8,8%, respectivamente.
Outro ponto-chave destacado pelos analistas foi a divulgação de pagamento de R$ 4 bilhões, em remuneração aos acionistas. O valor, pago no dia 30 de junho, é 209,4% superior ao volume alocado na mesma data de 2024, de R$ 1,3 bilhão.
“Esperávamos essa notícia positiva apenas no terceiro trimestre. Em nossa visão, os dividendos em 2025 podem alcançar entre R$ 6 bilhões e 7 bilhões. Atualmente vemos a Eletrobras negociando a uma TIR (taxa interna de retorno) real atrativa de 15,5%, a mais alta de nossa cobertura”, explicam Antonio Junqueira, Gisele Gushiken e Maria Schutz, do BTG Pactual.
A receita líquida no período da empresa de geração e distribuição de energia elétrica foi de R$ 10,4 bilhões, alta de 22,8% sobre o que foi registrado no segundo trimestre de 2024 (R$ 8,4 bilhões). Também chamou atenção o Ebitda da Eletrobras, de R$ 5,7 bilhões, um aumento de 5,7% sobre a mesma base referente ao ano anterior.
“Esse desempenho superior pode ser atribuído principalmente às margens obtidas no segmento de geração durante o trimestre, que atingiram R$ 98/MWh (comparado a R$ 79/MWh no segundo trimestre de 2024 e R$ 69/MWh no primeiro trimestre).
Além disso, números de PMSO [despesas com pessoal, material, serviços e outros] recorrente acima do esperado também contribuíram para essa superação”, diz o relatório do Itaú BBA, assinado pelos analistas Felipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha.
“A empresa também revisou seu balanço energético, aumentando os limites superior e inferior de energia vendida para todos os anos do horizonte previsto (2025-2027), e os preços para 2027. Além disso, anunciou a distribuição de R$ 4 bilhões em dividendos, com um retorno (yield) de aproximadamente 4,4%”, diz o Itaú, que reitera a recomendação de compra.
Para os analistas do BTG, o controle de custos, com menores provisões, contribuiu para o resultado reportado no período entre abril e junho deste ano. “O segundo trimestre foi marcado por melhora nos resultados de comercialização de energia, controle rigoroso de custos, refletindo ganhos de eficiência em pessoal, e queda nas provisões organizacionais, relacionadas às vendas de energia para a Amazonas Energia”, explicam os especialistas.
Diante da divulgação do balanço, a valorização das ações no pregão desta quinta-feira, já era esperada pelos técnicos do Citi. “Esperamos uma reação positiva do mercado, não apenas porque acreditamos que os investidores esperavam números muito menores, mas também porque junto aos resultados, a empresa anunciou um dividendo de R$ 4 bilhões referente ao primeiro semestre”, diz o documento, assinado pelo analista João Pimentel.
“Do ponto de vista positivo, a receita de geração seguiu crescendo com a migração dos contratos ruins em cotas para o mercado livre, ao passo que também houve ganho de eficiência em custos e despesas operacionais e o resultado financeiro caixa machucou menos os números”, diz o relatório do Suno.
Sem levar em consideração o ajustado, a companhia mostrou prejuízo de R$ 1,3 bilhão, impactado por uma perda de R$ 3,4 bilhões em reavaliação regulatória da transmissão, também relacionada ao RBSE (Rede Básica do Sistema Existente).
Para o Citi, mesmo com o resultado positivo, há preocupações sobre o desempenho energético nos próximos meses. “Apesar dos resultados melhores do que o esperado, ainda mantemos cautela em relação aos próximos trimestres.
Segundo relatórios recentes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o fator de ajuste de geração (GSF) está projetado para um valor alarmante de 0,64 no terceiro trimestre e 0,69 no quarto”, diz o banco.
“Apesar de a empresa ter deixado cerca de 2,1 GW médios como hedge contra o GSF, acreditamos que isso provavelmente não será suficiente para cobrir as necessidades energéticas da companhia no segundo semestre do ano”, completa o Citi.
No acumulado de 2025, as ações da Eletrobras na B3 registram valorização de 24,5%. A companhia está avaliada em R$ 98,5 bilhões.
Fonte ==> NEOFEED