Como parte de amplo plano de revisão das suas operações, traçado há cerca de dois anos, a Motiva (ex-CCR) projetou a entrega de um patamar de eficiência, medido pela relação caixa/receita líquida, inferior a 38% no fim de 2026.
Entretanto, ao divulgar seu balanço do segundo trimestre de 2025, o grupo de infraestrutura para mobilidade ressaltou a possibilidade de antecipar essa meta em um ano, para o fim de 2025.
A perspectiva de imprimir maior velocidade nesse trajeto não significa, porém, que a companhia planeja colocar o pé no acelerador em outra ponta das suas operações: o investimento em novos projetos e concessões.
“Temos obrigação de olhar para todas as oportunidades, mas duas palavras direcionam nossa estratégia: rentabilidade e seletividade”, disse Miguel Setas, CEO da Motiva, em call com analistas nesta quarta-feira, 30 de julho. “Estamos atuando de forma cirúrgica e sendo muito exigentes no risco-retorno.”
Em rodovias, Setas observou, por exemplo, que a participação em projetos como as repactuações dos contratos das rodovias Fernão Dias e Régis Bittencourt está sendo estudada. Mas que não há uma decisão tomada nessa direção. E ressaltou outros fatores que vão guiar a tese do grupo.
“Outro foco são projetos sinérgicos. Queremos tirar partido de estruturas onde já temos representação geográfica, que podem trazer escala e sinergias às operações”, disse. “Em trilhos, é o mesmo raciocínio. Risco controlado e com rentabilidade adequada. Não vamos abdicar do rigor na aplicação de capital.”
Já no braço de aeroportos, Setas reiterou a expectativa de divulgar uma potencial transação para a venda de seus ativos até o fim do ano, conforme divulgado há dois meses, em fato relevante. Nesse processo, o grupo contratou Lazard e Itaú Unibanco como assessores financeiros.
“A conclusão desse processo só deve acontecer em 2026”, afirmou. “Mas, de acordo com nossos assessores financeiros, essa é a melhor transação em aeroportos no mundo nesse momento. E atraiu um interesse acima das nossas expectativas.”
Com essa perspectiva e o alegado interesse pelo ativo, Setas apontou que o investimento em outras iniciativas e concessões também passa pela reciclagem de capital. E que um movimento dessa magnitude, em aeroportos, pode abrir mais espaço no balanço para novos projetos.
Lucro nas alturas
Enquanto aguarda o desfecho desse acordo, a Motiva anunciou um lucro líquido consolidado de R$ 897,2 milhões no segundo trimestre de 2025, o que representou um salto de 234,9% sobre o número reportado em igual período, um ano antes.
O grupo atribuiu uma boa parcela desse desempenho na última linha do balanço à repactuação do contrato da BR-163, no Mato Grosso do Sul, que trouxe um impacto positivo de R$ 480 milhões no resultado.
Entre abril e junho, a companhia apurou uma receita líquida ajustada de R$ 3,56 bilhões, alta anual de 2,2%. Já o Ebitda ajustado cresceu 4,2%, para R$ 2,09 bilhões, enquanto a margem Ebitda ajustada evoluiu 1,2 ponto percentual, para 58,8%.
No trimestre, a companhia registrou um capex de R$ 1,77 bilhão, um crescimento em base anual de 9,3%. Já a dívida líquida consolidada foi de R$ 32,3 bilhões, contra R$ 24,8 bilhões, 12 meses antes. A alavancagem, por sua vez, ficou em 3,7 vezes. Em igual período de 2024, esse índice era de 3,1 vezes.
Depois de oscilar – para cima e para baixo – no decorrer das negociações dessa quarta-feira, as ações da Motiva encerraram o pregão de hoje exatamente no mesmo patamar do fechamento de ontem, na casa de R$ 12,35. O grupo está avaliado em R$ 24,8 bilhões.
Fonte ==> NEOFEED