Na guerra das big techs, Google vira fornecedor de suas rivais

Na guerra das big techs, Google vira fornecedor de suas rivais

Na corrida pela expansão de terreno no universo de inteligência artificial (IA) e de serviços de armazenagem, a gigante de tecnologia Google está perto de conseguir duas vitórias importantes sobre os seus rivais e, ao mesmo tempo, tornar-se fornecedor deles.

A Apple iniciou contatos com o Google para que a empresa desenvolvesse um modelo de IA personalizado que serviria de base para o novo modelo da Siri, assistente de voz da Apple.

Segundo fontes próximas das duas companhias, o Google já começou a treinar um modelo que poderia rodar nos servidores da Apple. O trabalho faz parte de um esforço da empresa de telefonia para se atualizar em IA generativa e tentar recuperar um pouco de terreno, já que o mercado reconhece que ela chegou tarde ao sistema e teve dificuldades para ganhar tração.

No início de 2025, a Apple também realizou conversas para possíveis avanços em parcerias com a Anthropic e com a OpenAI, com o objetivo de avaliar se os aplicativos Claude ou ChatGPT poderiam servir como uma espécie de novo cérebro para a Siri.

Nesse sentido, a Apple está próxima de tomar uma decisão sobre se vai continuar usando os sistemas internos e antigos da Siri ou se vai, de fato, procurar parceiros para seu desenvolvimento.

Após a Bloomberg revelar a proximidade entre Google e Apple, as ações das empresas na Bolsa dos Estados Unidos operaram em alta. Na Nasdaq, as ações da Alphabet registravam alta de 3,04% às 17h30 (horário local), sendo negociadas a US$ 206,72. A Apple subiu 1,27%, com cada papel negociado a US$ 227,76.

A possível mudança ocorre após atrasos na atualização do sistema da Siri, que já havia sido anunciada há algum tempo pela empresa. A ideia seria que a nova assistente atendesse a comandos acessando dados pessoais, permitindo que os usuários navegassem pelos dispositivos inteiramente por voz. A atualização da Siri estava programada para o segundo trimestre, mas foi adiada por um ano devido a problemas de engenharia.

O fracasso levou a Apple a afastar o chefe de inteligência artificial, John Giannandrea, do desenvolvimento da Siri. O projeto agora é supervisionado pelo chefe de software Craig Federighi e pelo criador do headset Vision Pro, Mike Rockwell, que estão avaliando o uso de ajuda externa como um possível caminho a seguir pela empresa.

Por outro lado, a Alphabet paga cerca de US$ 20 bilhões por ano para o Google ser o buscador padrão do iPhone. O acordo original, assinado em 2002, previa a utilização do Google no Safari sem repasses financeiros. Mas, nos últimos anos, esse cenário mudou, principalmente por causa da publicidade online, hoje um dos principais negócios do Google.

Em maio, a Apple anunciou, porém, que está avaliando a possibilidade de reformulação do modelo de buscas para focar em mecanismos de IA, o que acarretaria o fim da parceria de mais de duas décadas com o Google.

Contrato bilionário na nuvem

Em outro movimento, a Meta está perto de celebrar um contrato com a Google Cloud, no valor de US$ 10 bilhões pelo período de seis anos, para utilização de acesso a servidores.

O contrato celebrado com a empresa de Mark Zuckerberg é um dos maiores já assinados pela unidade de nuvem do Google em seus 17 anos de existência, segundo informaram fontes a par da negociação ao portal The Information.

O Google hoje ocupa a terceira posição no mercado global de computação em nuvem, atrás da AWS (Amazon Web Services) e Azure (Microsoft). Anteriormente, a empresa da Alphabet já tinha realizado parcerias com a dona do Instagram e Facebook, mas, pela primeira vez, atua agora como fornecedora da rival.

O anúncio surge dias após o fundador da Meta afirmar que a empresa gastaria “centenas de bilhões de dólares” para construir grandes centros de dados de IA. A companhia aumentou seu limite mínimo de previsão anual de despesas de capital para uma faixa entre US$ 66 bilhões e US$ 72 bilhões.

No início do mês, a empresa afirmou que estava buscando parceiros para ajudá-la a financiar a enorme infraestrutura necessária para alimentar sua IA, aportando US$ 2 bilhões em ativos de data center.

Em julho, o Google fechou contrato com a OpenAI, dona do ChatGPT, para utilização de parte de sua infraestrutura do Google Cloud justamente para treinar os modelos de IA da startup americana.

Em meio a essa onda de negócios, a unidade de computação em nuvem da Alphabet, controladora do Google, registrou um aumento de quase 32% na receita do segundo trimestre em julho, o que superou as expectativas dos analistas financeiros.

O segmento do Google alcançou receita de US$ 13,6 bilhões entre abril e junho deste ano, contra uma perspectiva do mercado de US$ 13,1 bilhões. A área de nuvem contribuiu para impulsionar toda a companhia em 2025, com o avanço do plano estratégico de capturar valor por meio dos serviços de IA.

No segundo trimestre de 2025, a Alphabet registrou uma receita de US$ 96 bilhões, um crescimento de 14% sobre os US$ 84,5 bilhões registrados no mesmo período de 2024.

“A receita anual do cloud está acima de US$ 50 bilhões. Com essa forte e crescente demanda por nossos produtos e serviços em nuvem, nós estamos aumentando o nosso investimento em capex para 2025 em aproximadamente US$ 85 bilhões”, diz Sundar Pichai, CEO da companhia controladora do Google, durante a divulgação dos resultados financeiros do período.

Em seu relatório de resultados, a empresa revelou que suas despesas para o ano de 2025 devem ficar entre US$ 114 bilhões e US$ 118 bilhões.



Fonte ==> NEOFEED

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