O setor de suporte em Tecnologia da Informação (TI) vive um momento de expansão acelerada e de profundas transformações no Brasil.
A digitalização dos processos, a automação inteligente e a terceirização de serviços redesenharam esse mercado, que hoje se posiciona como estratégico para a competitividade das empresas. Globalmente, os serviços de TI ultrapassam 1 trilhão de dólares em valor movimentado e devem crescer de forma consistente nos próximos anos, refletindo também nas oportunidades locais.
No Brasil, a área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tem mantido taxas de crescimento acima da média da economia. Projeções apontam para a criação de dezenas de milhares de novos postos de trabalho formais até o fim de 2025, em um mercado que passa a exigir cada vez mais especialização e atualização constante. O setor de suporte técnico, historicamente associado à manutenção de hardware, hoje se reinventa como peça central da transformação digital.
A evolução tecnológica é evidente. Em poucos anos, o país assistiu à transição de impressoras analógicas para multifuncionais digitais, à integração de equipamentos em rede e à migração de sistemas de papel para plataformas digitais. Hoje, o suporte vai além da simples instalação: envolve integração com nuvem, automação de fluxos, segurança cibernética e customização de softwares para grandes corporações. Serviços que antes eram vistos como operacionais tornaram-se estratégicos, exigindo profissionais capazes de compreender desde a infraestrutura física até o impacto da inteligência artificial no atendimento ao cliente.
A terceirização — o chamado outsourcing de TI — consolidou-se como tendência. Ela permite que empresas reduzam custos, tenham acesso a expertise especializada e ganhem agilidade. No Brasil, esse modelo já representa uma fatia importante do mercado e é cada vez mais procurado por médias e grandes corporações. Paralelamente, cresce o uso de inteligência artificial em diagnósticos preditivos, chatbots inteligentes e sistemas de automação, que transformam o suporte de uma função reativa para um centro de valor dentro das empresas.
Ainda assim, persistem desafios. O suporte técnico no Brasil foi por muito tempo considerado secundário, e a falta de mão de obra altamente qualificada ainda limita a expansão. Além disso, a exclusão digital de pequenas e médias empresas mantém parte do mercado distante de soluções mais sofisticadas. A pandemia de Covid-19 escancarou essa desigualdade, mas também acelerou a digitalização de processos e consolidou o suporte como área vital para a continuidade dos negócios.
Para o analista de suporte sênior Danilo Silva Leal, que acumula 15 anos de experiência no setor e projetos realizados em grandes empresas brasileiras e multinacionais, esse é um ponto de virada para os profissionais da área. “As empresas que mais se destacam hoje são aquelas que entendem o suporte como um centro de valor, e não apenas uma linha de custo. O suporte bem estruturado garante eficiência, inovação e impacto direto no resultado”, avalia.
Leal acompanhou de perto a transformação do setor: começou sua trajetória ainda nos tempos de impressoras analógicas e participou de projetos que marcaram a evolução do suporte em TI no Brasil. Entre eles, a digitalização automatizada de documentos no Banco do Brasil, a integração global de impressão para a Volkswagen e, mais recentemente, a reestruturação do atendimento técnico da Brother Brasil durante a pandemia. Esse último projeto resultou em uma economia de aproximadamente 500 mil dólares por mês e foi reconhecido internacionalmente com o prêmio President Awards 2022.

Sua experiência reflete um movimento maior do mercado: profissionais que antes eram vistos apenas como solucionadores de falhas agora são protagonistas da transformação digital. “Foi na pandemia que paramos de apenas resolver problemas pontuais e nos tornamos fundamentais para a continuidade das operações. O suporte passou a ser estratégico, ajudando empresas a se reinventarem e a se manterem competitivas”, conclui.
A tendência é clara: o suporte em TI deixa de ser um setor de retaguarda para assumir papel central na inovação tecnológica das empresas. Com crescimento acelerado, demanda por especialização e adoção de novas tecnologias, o Brasil tem a oportunidade de consolidar um mercado de suporte mais robusto e estratégico, capaz de gerar valor não apenas para os negócios, mas para toda a economia digital.