A construção civil, tradicionalmente associada a altos custos e impactos ambientais significativos, vem passando por um processo de transformação acelerada. Pressionadas pela demanda por soluções mais sustentáveis e pela necessidade de eficiência em um mercado competitivo, empresas do setor estão incorporando novas tecnologias, materiais de baixo impacto e sistemas de gestão capazes de equilibrar resultados econômicos, sociais e ambientais.
Segundo levantamento da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a construção civil representa cerca de 6,2% do PIB nacional e emprega mais de 7 milhões de pessoas. No entanto, também responde por aproximadamente 50% dos resíduos sólidos urbanos e por até 75% do consumo de recursos naturais em áreas urbanas. Nesse cenário, iniciativas voltadas à sustentabilidade deixaram de ser tendência e se tornaram requisito para competitividade e legitimidade.
Entre as soluções que vêm ganhando espaço estão os pavimentos permeáveis, capazes de reduzir alagamentos e melhorar a drenagem urbana, técnicas de baixo impacto ambiental aplicadas a obras de infraestrutura, além de sistemas construtivos que priorizam durabilidade e eficiência energética. O conceito de “obras inteligentes” começa a se consolidar como padrão em diferentes segmentos, do industrial ao residencial.
Na avaliação do engenheiro civil Márcio Bontorin, com 13 anos de experiência no setor, essa mudança representa um divisor de águas para a engenharia. “Obras inteligentes são aquelas que unem técnica, inovação e propósito. Quando aplicamos soluções sustentáveis, como pavimentos permeáveis, conseguimos não apenas reduzir custos de manutenção, mas também gerar impacto positivo direto na vida das pessoas e no meio ambiente”, explica.

Com passagem por grandes multinacionais, como John Deere, Votorantim Cimentos e Enaex Britanite, Márcio acumulou experiência em projetos industriais de alta complexidade. Paralelamente, atuou em obras públicas de pavimentação em comunidades carentes no Paraná, aplicando técnicas de concreto e soluções sustentáveis que transformaram o cotidiano dos moradores. Para ele, o futuro da engenharia civil passa por esse equilíbrio entre eficiência técnica e responsabilidade social.
O setor, que já começa a adotar práticas de certificações ambientais e metodologias internacionais de gestão sustentável, deve enfrentar nos próximos anos um cenário de maior exigência regulatória e de mercado. Projetos que não contemplarem aspectos de eficiência, durabilidade e impacto ambiental tendem a perder espaço para soluções que tragam inovação associada a benefícios sociais.
“A engenharia não pode mais se limitar a erguer estruturas. Nosso papel é entregar obras que melhorem a qualidade de vida e que sejam pensadas para durar, respeitando o ambiente em que estão inseridas. É esse tipo de responsabilidade que vai diferenciar empresas e profissionais no mercado”, reforça Márcio.
A tendência mostra que obras inteligentes não são apenas uma inovação tecnológica, mas uma mudança cultural na forma como o setor enxerga seu papel no desenvolvimento econômico e social. E, nesse movimento, a engenharia brasileira se coloca cada vez mais como protagonista de soluções que unem competitividade, sustentabilidade e impacto positivo para as cidades.