MERCADO DE AÇÕES

quais produtos brasileiros seguem sob tarifaço

quais produtos brasileiros seguem sob tarifaço

O alívio chegou para alguns, mas as preocupações permanecem para muitos. A Casa Branca anunciou na quinta-feira (20) a revisão da lista de produtos incluídos no tarifaço sobre o Brasil. O governo dos Estados Unidos retirou a sobretaxa adicional de 40% — a “Tarifa Moraes” — para 249 produtos agrícolas brasileiros, representando cerca de 11% das exportações brasileiras para os EUA em 2024. Com a medida, 37,1% das vendas aos EUA estão livres de sobretaxas, enquanto exportações que enfrentam tarifa de 50% representam 32,7%, aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A decisão é retroativa e vale para mercadorias retiradas de armazéns para consumo desde 13 de novembro. Permancem na lista, entretanto, importantes produtos da pauta de exportações, como calçados, máquinas e equipamentos, pescados e produtos ligados ao agronegócio, como mel e café solúvel. A cronologia da pressão tarifária Para entender a relevância do anúncio de 20 de novembro, é crucial contextualizar a sequência de eventos que pressionaram o agronegócio brasileiro em 2025: Abril de 2025: O governo americano impôs uma tarifa global de 10%, denominada “recíproca”, aplicada a diversos países, incluindo o Brasil. 30 de junho de 2025: O governo dos Estados Unidos anunciou uma sobretaxa adicional de 40% incidente sobre produtos brasileiros, 6 de agosto de 2025: A sobretaxa de 40% começou a valer, expondo cerca de 80% do agronegócio brasileiro ao tarifaço. 14 de novembro: A Casa Branca removeu a tarifa de 10%. Contudo, a sobretaxa de 40% foi mantida, incidindo de forma isolada sobre os produtos brasileiros. 20 de novembro: O presidente americano assinou ordem executiva zerando a sobretaxa de 40% para a série de produtos brasileiros. A justificativa americana: segurança nacional e política A justificativa oficial para o adicional de 40% baseou-se no que o governo americano apontou como “ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, política externa e economia dos Estados Unidos”. O tratamento dado pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, sob a liderança do ministro Alexandre de Moraes, foi explicitamente citado como razão para o conjunto de medidas contra o Brasil ser chamado, por aqui, de “Tarifa Moraes”. As principais ações brasileiras que preocupavam os Estados Unidos, segundo a justificativa oficial, incluem: Prisão e detenção de jornalistas, ativistas e cidadãos por expressarem opiniões críticas ao governo, violando princípios da liberdade de expressão Imposição de multas e bloqueio de contas de mídia social sem devido processo legal Interferência em processos eleitorais, incluindo remoção de candidatos Recusa em cooperar com investigações internacionais sobre corrupção e violações de direitos humanos Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), apesar de a medida anunciada ser positiva, não contempla de forma abrangente a indústria brasileira. A entidade empresarial destaca em nota que, até agora, os Estados Unidos têm atuado de forma seletiva, retirando barreiras apenas nos setores que lhes são mais convenientes. “Para o Brasil, o que realmente interessa é a abertura para produtos de maior valor agregado, e nesse ponto não houve conquistas relevantes. É fundamental destacar que permanecem sob tarifas peças e componentes industriais que representam grande potencial competitivo para o Brasil, como diversos itens da indústria aeronáutica, peças de veículos, cabos e sensores, além de motores.” Produtos beneficiados pela retirada da “Tarifa Moraes” A decisão americana desta quinta-feira removeu a tarifa para 249 produtos agrícolas brasileiros. Entre os itens de destaque que voltaram a ter acesso facilitado ao mercado americano estão café, carnes bovinas, frutas e óleos essenciais. A lista inclui também cacau, açaí e madeira. Para itens como carne e café, que estiveram sujeitos a uma taxação total de 50%, o alívio é completo. Com a retirada da sobretaxa adicional de 40%, esses produtos passam a ter tarifa zero no mercado americano, melhorando as margens de lucro dos exportadores e devolvendo competitividade ao Brasil em comparação com outros parceiros comerciais. “Assim, a mudança aumenta a competitividade desses produtos em relação aos exportados por outros países, já que a tarifa volta a ser a que era aplicada antes do tarifaço”, diz Sara Paixão, analista de macroeconomia da InvestSmart XP. Produtos que ainda pagam a “Tarifa Moraes” Permanecem importantes produtos da pauta de exportações brasileira para os Estados Unidos. Ainda estão inclusos na “Tarifa Moraes” produtos industrializados como máquinas e equipamentos, além de calçados. Também permanecem itens como café solúvel, pescados e mel. As máquinas são o sexto item mais exportado pelo Brasil. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), nos nove primeiros meses do ano houve recuo de 8,2% nas vendas para os Estados Unidos. Apenas um setor teve crescimento na comparação com setembro do ano passado: máquinas para construção civil (5,4%). Até agora, no ano, as exportações de calçados permanecem estáveis em US$ 188,2 milhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre janeiro e outubro. Contudo, a tendência é de queda, afetando a economia de importantes produtores como o Ceará e o Rio Grande do Sul. “É um grande fôlego para o Ceará, mas ainda não muda o quadro geral. Se pescado, mel e calçados entrarem, aí sim o cenário se transforma”, diz Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais, trading sediada em Fortaleza. Motivações americanas: economia e política A retirada da sobretaxa não foi apenas um gesto diplomático; ela reflete pressões internas enfrentadas pelo governo dos Estados Unidos. “Para os Estados Unidos, a redução tarifária também traz benefícios, em um momento em que a inflação de alimentos preocupa. Mesmo com a queda dos preços internacionais das commodities, o índice de alimentos no país acumula alta de 3,1% nos últimos 12 meses”, destaca Sara Paixão. No campo econômico, o recuo foi motivado pela necessidade de gerenciar o mercado interno. Os EUA estavam enfrentando pressão devido ao aumento de preços de alimentos importados, especialmente itens que o país não produz em volume suficiente. Ao retirar as tarifas, o governo busca estabilizar os preços locais, evitar repasses inflacionários ao consumidor e garantir a oferta interna desses produtos essenciais. Politicamente, a decisão ocorre em um momento de perda de popularidade do presidente americano e após recentes derrotas eleitorais. A medida sinaliza ações concretas que reduzam o