Pais ricos em exemplos formam filhos ricos em hábitos – 09/08/2025 – De Grão em Grão

Personare- Bebê

Dizia Aristóteles que “educar a mente sem educar o coração não é educação”. No universo financeiro, poderíamos adaptar: educar pelo discurso sem educar pelo exemplo é quase inútil. Muitos pais sonham que os filhos sejam mestres em lidar com dinheiro. Para isso, acreditam que basta abrir uma conta em seu nome ou aplicar em previdências para crianças. O problema é que as crianças aprendem muito mais por observação do que por instrução. E, assim, tendem a reproduzir na vida adulta os hábitos que veem em casa.

Se o que observam são decisões impulsivas, endividamento sem planejamento ou ausência de diálogo sobre finanças, é exatamente isso que levarão adiante. Por outro lado, alguns hábitos simples, praticados com consistência, podem formar adultos mais preparados. Assim, neste dias dos pais, destaco cinco hábitos que pais poderiam adotar para incentivar o desenvolvimento financeiro dos filhos.

O primeiro é conversar sobre decisões financeiras em família. Muitos filhos não sabem quanto os pais ganham. Da mesma forma que nós, adultos, podemos nos enganar sobre a situação financeira de alguém só por dirigir um carro de luxo, as crianças também criam imagens distorcidas. Trazer o orçamento familiar para a mesa, de forma adequada à idade, ajuda a criar noção real de renda, despesas e prioridades.

O segundo é evitar compras por impulso. Quando um filho vê a mãe se surpreender com o carro novo do pai, o gesto parece positivo e natural. Compras importantes devem ser discutidas, planejadas e, sempre que possível, comparadas. Mostrar que você avalia opções e busca a melhor forma de aquisição ensina paciência e racionalidade.

O terceiro é valorizar o planejamento futuro. Aposentadoria, escola dos filhos, seguros de saúde e vida — todos esses são compromissos que se constroem com antecedência. Quando os filhos percebem que a vida não é apenas sobre consumir hoje, mas também sobre se preparar para amanhã, passam a associar segurança e tranquilidade ao ato de poupar e investir.

O quarto é demonstrar que o endividamento deve ser evitado, e que, quando inevitável, deve ser planejado para ser o mais barato possível. Ensinar que é possível adquirir bens de forma estratégica, aproveitando condições vantajosas, forma adultos mais conscientes sobre o custo do dinheiro.

Por fim, é importante lembrar que saber lidar com dinheiro vai muito além de investir. Para uma criança, escolher aplicações pode parecer um jogo, o que corre o risco de criar um comportamento de aposta. Já vi pais dizerem: “meus filhos são agressivos com os investimentos”. É claro que são —não foram eles que suaram para ganhar e, se houver perda, o padrão de vida não muda: quem paga escola, alimentação, moradia e saúde são os pais.

Educação financeira para filhos não é um curso ou aplicativo: é um reflexo do que veem todos os dias. O investimento mais valioso que você pode fazer para o futuro deles é viver, em sua própria vida, os hábitos que deseja que eles tenham.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Fonte ==> Folha SP

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