Superman — O Filme, de 1978, pode não figurar na lista das maiores bilheterias de adaptações de super-heróis de todos os tempos. Mas a primeira incursão nas telas do homem que é capaz de voar foi o primeiro blockbuster do gênero, sinalizando a mina de ouro que os heróis dos quadrinhos representariam para a indústria do cinema.
É com esse espírito, o de explorar o potencial lucrativo do Homem de Aço, com base no que o personagem sempre teve de melhor, incluindo a sua ingenuidade, que Superman acaba de chegar aos cinemas. O reboot da franquia marca uma volta às raízes tanto para o personagem, que retoma aqui a velha e boa trama original, quanto para a Warner.
Depois que o estúdio viu as últimas aventuras com Superman decepcionarem no cinema, em função da abordagem mais realista e obscura, é hora de apostar naquilo que já deu certo lá atras. Ou seja, recapturar a essência do herói que voa com o “S” estampado no peito.
Subutilizado nas últimas adaptações da DC Comics, como Liga da Justiça (2017), e sem conseguir empolgar em Batman Vs Superman — A Origem Da Justiça (2016), o filho de Krypton ganha agora um filme só seu. E à altura do personagem icônico, um dos mais populares já saídos das histórias em quadrinhos.
Antes de mais nada, o Homem de Aço é um herói ingênuo que acredita na humanidade. E ele ainda quer muito ser aceito pelo planeta que o adotou, o que explica a sua incansável tarefa de salvar a Terra e seus habitantes, uma missão que Christopher Reeve personificou com naturalidade, perfeição e um pouco de humor no filme de 1978.
A arrecadação mundial de mais de US$ 300 milhões foi uma façanha para a época, quando o espectador ainda tinha reservas para embarcar na jornada de um homem com superpoderes.
Até as cenas de transformação instantânea de Clark Kent para Superman (e vice-versa), com o simplório truque do óculos, sempre foi uma piada inerente ao herói, o que volta a ser explorada aqui.
Na pele do ator David Corenswet, Superman passa longe das últimas abordagens: tentativas de torná-lo mais sombrio e melancólico. Como foi o caso das produções protagonizadas por Henry Cavill, de 2013 a 2021, que não convenceram totalmente, por destoarem da natureza otimista incorrigível do personagem.
Dirigido por James Gunn, mais conhecido por Guardiões da Galáxia (2014), o novo longa-metragem já começa com Superman no meio de uma batalha contra uma criatura que ataca Metrópolis. Enquanto alterna as identidades do herói e do repórter Clark Kent, o personagem descobrirá quem está por trás das constantes ameaças: o bilionário Lex Luthor (interpretado por Nicholas Hoult).
Na eterna luta entre o bem e o mal, há espaço ainda para cenas de romance e de brigas com Lois Lane (Rachel Brosnahan), para flashbacks de sua chegada à Terra e da infância no interior e também para a camaradagem entre heróis. Lanterna Verde (Nathan Fillion), Mulher-Gavião (Isabela Merced) e Sr. Incrível (Edi Gathegi) o ajudam na empreitada.
Ao revitalizar a marca, apostando nas características mais nostálgicas do herói, a intenção da Warner é dar um novo fôlego a todo o Universo DC nos cinemas.
E a inauguração da “nova fase” chega em boa hora, principalmente depois que o estúdio viu os fracassos de The Flash (2023), que teve renda de US$ 271 milhões, Shazam! Fúria dos Deuses (2023), com US$ 134 milhões de bilheteria, e Coringa: Delírio a Dois (2024), que arrecadou mundialmente US$ 207 milhões, após ter consumido cerca de US$ 200 milhões para ser produzido.
Realizado com US$ 225 milhões, Superman é a 15ª produção audiovisual do herói criado por Jerry Siegel e Jose Shuster, em 1938, na DC Comics (editora que hoje é uma subsidiária da Warner).
De todos os títulos, o de maior bilheteria foi Batman Vs Superman — A Origem Da Justiça, que arrecadou globalmente cerca de US$ 874 milhões. Ainda assim, o filme não correspondeu às expectativas comerciais e também recebeu duras críticas — sobretudo pelo embate decepcionante entre os heróis, em termos de cenas de ação.
A primeira aparição de Superman em carne e osso se deu em 1948, no formato de série para o cinema, com Kirk Alyn no papel-título. Por ter sido o primeiro a encarnar o personagem, Alyn até foi convidado para integrar o elenco do Superman de 1978, na pele do pais de Lois Lane (Margot Kidder).
Nenhum título do herói de capa vermelha teve tanto impacto cultural quanto aquele filme estrelado por Reeve e dirigido por Richard Donner — que ganhou três continuações (em 1981, 1983 e 1987).
Ainda que os efeitos especiais sejam hoje quase motivo de piada, dada a evolução tecnológica, ninguém daquela geração esquece a magia do momento em que Super-homem voa pela primeira vez. Ali ficou claro que adaptação de super-herói na tela não conquistaria só o coração das crianças.
Fonte ==> NEOFEED