A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta sexta-feira (5) que a reestruturação societária da Braskem está bem encaminhada e que novo acordo de acionistas da petroquímica pode ser assinado ainda este ano.
Na quarta (3), as ações da Braskem dispararam na B3, com notícias sobre avanços nas negociações para a transferência do controle da companhia, hoje nas mãos da Novonor (ex-Odebrecht), para a gestora de recursos IG4.
Principal sócia minoritária, a Petrobras tem que avalizar a operação e aprovar novo acordo de acionistas com eventuais novos sócios. Bancos credores esperam que o acordo entre Novonor e IG4 seja assinado na semana que vem.
“Nós temos evoluído na discussão de um possível acordo de acionistas, mas eu não posso dizer que isso está fechado”, afirmou Magda, em entrevista na Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). “Temos ainda algumas questões societárias a serem ajustadas”, concluiu.
Magda afirmou, porém, esperar que um acordo seja assinado até o fim do ano. “Estamos mais perto do que já estivemos”, prosseguiu. A Petrobras tem interesse em ampliar sua presença no comando da companhia, com maior ingerência sobre as operações. Mas não quer reestatizar a companhia.
Magda afirmou também que não há planos de colocar dinheiro para capitalizar a empresa.
A estatal tem 47% do capital votante da Braskem, que é controlada pela Novonor. As ações desta última, porém, foram dadas como garantia a empréstimos biolionários com Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Novonor e IG4 já chegaram a um acordo, que mantém a antiga controladora com uma fatia de 4% da petroquímica. Falta, portanto, acertar detalhes com a Petrobras. A IG4 também espera fechar o acordo na semana que vem, mas admite que as negociações podem se estender.
Em comunicado divulgado durante a semana, a Novonor confirmou tratativas, mas negou que tenha assinado acordo. A Braskem disse que não participa de tratativas sobre venda de participações acionárias. A IG4 diz que as negociações ainda não foram concluídas.
Não é a primeira vez, porém, que a Novonor chega perto da venda de sua participação na petroquímica. Já esteve em conversas avançadas com a holandesa LyondellBasell, com a saudita Adnoc, com a Kuwait Petroleum Company e com as brasileiras Unipar e J&F.
O último capítulo dessa novela foi protagonizado pelo empresário Nelson Tanure, que chegou a estar perto também de uma assinatura e tinha a simpatia do governo, mas não concluiu o negócio.
Sexta maior petroquímica do mundo, com operações em dez países, a Braskem vem sofrendo com o ciclo de baixa de preços das matérias-primas petroquímicas e com a invasão de produtos americanos ao mercado brasileiro.
A empresa vem operando com 30% de ociosidade em seu parque fabril e, além disso, enfrenta grandes incertezas com o passivo do desastre em Maceió, provocado pelo afundamento de minas subterrâneas de sal-gema.
Em seu novo plano de negócios, anunciado na semana passada, a Petrobras reforça seu interesse em retomar posição no setor, que havia sido deixado em segundo plano pela gestão bolsonarista.
Recentemente, anunciou investimento na produção de matérias-primas a partir do gás natural no Complexo Boaventura, o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), e expansão de uma unidade da Braskem no Rio de Janeiro.
Fonte ==> Folha SP
