Santander Brasil lucra R$ 3,65 bilhões, aumenta provisões e IOF impacta carteira de crédito

Santander Brasil lucra R$ 3,65 bilhões, aumenta provisões e IOF impacta carteira de crédito

A queda de braço entre o Ministério da Fazenda e o Congresso Nacional em torno do aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e da incidência de alíquota sobre o risco sacado impactou o resultado financeiro do Santander no segundo trimestre, principalmente na linha associada à carteira de crédito.

Entre abril e junho deste ano, o banco reportou lucro líquido gerencial de R$ 3,65 bilhões, volume que representa alta de 9,8% sobre o mesmo período do ano anterior e abaixo das expectativas de analistas do mercado financeiro. Por outro lado, o cenário é de retração de 5,2%, em comparação ao primeiro trimestre de 2025.

A receita total do Santander no período foi de R$ 20,6 bilhões, com aumento de 3,3% sobre o valor alcançado no segundo trimestre de 2024 e 2,2% menor do valor apurado no primeiro trimestre deste ano (R$ 21,05 bilhões).

Na carteira de crédito ampliada, a instituição financeira registrou R$ 539,5 milhões, crescimento de 0,2% sobre o segundo trimestre de 2024, mas 1,2% abaixo do volume no primeiro trimestre deste ano.

O maior impacto foi justamente entre as grandes empresas, segmento bastante suscetível à utilização da ferramenta de antecipação de recebíveis junto ao mercado. Em relação ao ano passado, a queda foi de 13%. Sobre os primeiros três meses de 2025, a redução ficou em 5,8%.

No dia 16 de julho, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu manter a validade do decreto do governo federal sobre o aumento da cobrança do IOF, mas excluiu as operações de risco sacado da tributação.

“A questão do IOF foi algo bastante inesperado para o mercado e para os bancos. Tivemos várias interações com o Ministério da Fazenda para expor nossas preocupações e o impacto para as empresas, que já sofrem os efeitos de uma taxa Selic a 15% ao ano”, diz Mário Leão, CEO do Santander Brasil, em entrevista coletiva realizada na manhã desta quarta-feira, 30 de julho.

“A nossa visão sempre foi de que risco sacado não é operação de crédito e acabou sendo a que prevaleceu no final. Mas durante o período que isso foi debatido, a gente teve uma retração brutal na demanda. E isso impactou o segundo trimestre”, complementou.

Na avaliação do executivo, no entanto, a retomada desse volume já foi detectada no início do terceiro trimestre, após a decisão do STF. A expectativa, segundo ele, é de recuperação quase total do volume que deixou de ser concedido no trimestre anterior.

“A gente já esse vê essa retomada e vai ver isso de forma mais claro em agosto e setembro. Nosso pulso, até aqui, é que vamos recuperar, ainda que não integral, mas bem próximo. Pode ser que alguns convênios demorem mais, mas a tendência é de retomada.”

De qualquer forma, o Santander seguiu evoluindo em rentabilidade, ainda que em um ritmo menor. O ROAE (indicador que mede o retorno sobre o patrimônio líquido médio) registrou aceleração de 0,8 ponto percentual em comparação com o mesmo período de 2024, só que caiu 1,1 ponto percentual em relação ao cenário que havia sido registrado entre janeiro e março deste ano.

Ainda sem definir uma data específica, o banco segue na trilha para alcançar ROAE de 20%. “A gente vai trabalhar para que a gente não dependa da Selic para isso. Há outras alavancas, como a redução de gastos, que estamos avançando, e a margem de crédito”, diz o CEO do banco.

A inadimplência, que tem sido um importante ponto de atenção para o banco nos últimos trimestres, registrou queda no período. No índice relativo ao período de 15 a 90 dias, o Santander chegou a 4%, contra 4,1% registrado de janeiro a março. No segundo trimestre de 2024, esse percentual era de 3,5%.

Em relação à inadimplência com prazo acima de 90 dias, o índice registrado foi 3,1%, ante 3,3% no trimestre anterior. Nessa linha, a queda foi registrada também sobre o segundo trimestre de 2024, que alcançava 3,2%.

O maior impacto na queda foi em relação à pessoa física, que retraiu 0,3 ponto percentual sobre o volume que havia sido registrado no primeiro trimestre deste ano.

“Em qualidade de crédito, os índices de inadimplência seguem desafiados pelo ambiente macroeconômico, mas já vêm apresentado essa melhora no trimestre”, diz o CEO.

Para o Goldman Sachs, o resultado do Santander foi afetado pela taxa de juros elevada, o que impactou a receita do banco. “As provisões aumentaram 7%, atribuídas à deterioração do cenário macroeconômico e ao aumento de casos de recuperação judicial no segmento rural”, diz o relatório, assinado pelos analistas Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Lindsey Shema.

A recuperação na inadimplência, segundo a análise, foi motivada pela aceleração nas baixas contábeis do banco. “Esperamos uma reação negativa ao resultado abaixo do esperado antes dos impostos.”

Nesse sentido, o mercado financeiro de fato reagiu inicialmente de forma negativa aos resultados apresentados pelo banco. No pregão da B3 desta quarta-feira, 30, os papéis do Santander Brasil operavam em baixa de 0,47% por volta de 12h.

No acumulado de 2025, as ações da companhia registram alta de 10,38%. A unidade brasileira está avaliada em R$ 98,7 bilhões.



Fonte ==> NEOFEED

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *