Grupo brasileiro de fitness, a Smart Fit já vinha em um ritmo bastante forte de expansão. Mas decidiu subir ainda mais essa régua em março deste ano, quando divulgou a projeção de abrir entre 340 e 360 academias em 2025, contra as 305 inaugurações contabilizadas em 2024.
Cinco meses depois, a empresa está na metade desse trajeto. E, à primeira vista, ainda bem distante de bater a meta anunciada, já que encerrou o primeiro semestre com “apenas” 87 unidades adicionadas à sua base.
A Smart Fit já tem, porém, o caminho traçado para alcançar essa marca. E agora, corre para cumprir esse percurso. Esse exercício passa por um pipeline de 283 novas academias, sendo 145 com obras em andamento, além de contratos assinados para outras 138 unidades.
“Somando lojas abertas, em obras e assinadas, temos 370 unidades, o que nos dá confiança de que vamos entregar esse guidance”, diz Diogo Corona, COO da Smart Fit, ao NeoFeed. “Estamos acelerando o pace e, ao mesmo tempo, mantendo a qualidade das nossas safras.”
Segundo Corona, a percepção interna de que a empresa está em boa forma para imprimir mais velocidade nessa trilha se traduz em alguns indicadores reportados nesta quinta-feira, 6 de agosto, em seu balanço do segundo trimestre.
A Smart Fit fechou esse intervalo com uma margem bruta consolidada de 50,9%, uma evolução de 0,9 ponto percentual sobre igual período de 2024. Na quebra desse número, nas academias maduras da base, esse índice foi de 52%.
Inauguradas nos últimos dois anos, as unidades mais recentes, por sua vez, já registram patamares próximos nessa linha, mesmo ainda em ramp up. A safra de 2023, por exemplo, teve margem bruta de 54% no trimestre. Enquanto a de 2024 ficou em 51%.
“Nessa safra de 2024, boa parte das academias foi aberta em dezembro e ainda está em fase inicial de maturação”, diz Corona. “Esses números mostram a qualidade dessas novas unidades e, ao mesmo tempo, a estabilidade das lojas maduras, com margens saudáveis, mesmo com a nossa expansão.”
Em outros dados do trimestre, o grupo reportou um Ebitda de R$ 576 milhões, o que representou um crescimento, em base anual, de 32%. Já o lucro líquido recorrente foi de R$ 189 milhões, um salto de 32% na mesma base de comparação.
No período, a base de clientes da Smart Fit cresceu 11%, para 5,1 milhões de usuários. E, com as aberturas registradas no período, a rede chegou a um total de 1.818 unidades, uma expansão anual de 19%.
Curiosamente, apesar desse ganho de musculatura, o fato de a empresa ter ficado distante do guidance se explica, em boa medida, justamente pelas dores desse crescimento. E em um ponto específico das operações da rede: o México.
“Nós crescemos em um ritmo muito acelerado e isso exigiu ajustes em muitas áreas. Fizemos um bom trabalho no Brasil e em outras geografias, mas levamos mais tempo no México”, diz Corona. “Em três anos e meio, nós dobramos de tamanho no país, o que trouxe muita complexidade.”
Essa operação também entrou no radar do mercado no início de julho, com as notícias de que, em uma reunião com investidores e analistas do Citi, executivos da Smart Fit teriam dito que o desempenho da subsidiária viria abaixo das expectativas nos próximos trimestres, especialmente na adição de clientes.
“O México tem um cenário macro mais desafiador versus outros países no curto prazo”, diz José Luís Rizzardo Pereira, diretor de relações com investidores da Smart Fit. “Mas o peso que foi dado a essas notícias foi muito maior do que a realidade da performance que vemos na região.”
A operação mexicana fechou o trimestre com 1,03 milhão de clientes, alta de 9% sobre igual período de 2024 e no mesmo patamar do primeiro trimestre desse ano. Em base anual, a receita líquida no país cresceu 11%, para R$ 384,8 milhões. Já a margem bruta foi de 46,1%, contra 47,3%, um ano antes.
“Seguimos confiantes no potencial de longo prazo do México”, afirma Pereira. “E, no curto prazo, estamos endereçando os desafios de diversas maneiras, com ajustes nos processos de gestão, e revisitando e otimizando o investimento por metro quadrado.”
Parte desse roteiro envolveu justamente a postergação de aberturas de unidades em solo mexicano no primeiro trimestre. “Decidimos reduzir essa frente para fazer os ajustes necessários, mas já voltamos ao pace de expansão por lá. Não há redução do pipeline no México”, diz Corona.
Ainda no exterior, o COO ressalta que o próximo desembarque, previsto para o quarto trimestre, será a abertura de uma unidade no Marrocos, a primeira do grupo fora da América Latina. Com o movimento, a rede chega a 16 países em seu mapa de operações.
“Marrocos é um primeiro teste, com aprendizados sobre diferenças culturais e religiosas, e que pode nos abrir um mercado endereçável muito maior”, diz Corona. “Cada vez mais, a Smart Fit tende a ser muito maior fora do Brasil.”
Nos números mais recentes, a receita líquida do grupo no trimestre avançou 32%, para R$ 1,79 bilhão. No Brasil, essa linha cresceu 24%, para R$ 595,7 milhões. Enquanto em outros países, o salto foi de 45%, para R$ 603,4 milhões.
Em outros dados, a alavancagem foi de 1,08 vez, ante 1,09 vez no primeiro trimestre de 2025. A dívida líquida ajustada ficou em R$ 3,29 bilhões, um aumento de R$ 179,5 milhões sobre o mesmo intervalo. Mas que foi parcialmente compensado por uma geração de caixa operacional de R$ 520,6 milhões.
As ações da Smart Fit fecharam o pregão da quarta-feira cotadas a R$ 21,55, alta de 1,65%. Em 2024, os papéis da companhia, avaliada em R$ 12,8 bilhões, acumulam uma valorização de 27%.
Fonte ==> NEOFEED