Trabalhador morre nos EUA após batida anti-imigração – 13/07/2025 – Mundo

Trabalhador morre nos EUA após batida anti-imigração - 13/07/2025 - Mundo

Um trabalhador que caiu do telhado de uma estufa durante uma operação do governo de Donald Trump contra imigrantes em situação irregular em uma fazenda de maconha na Califórnia morreu neste sábado (12).

Jaime Alanis, 57 anos, estava internado em um hospital e é a primeira pessoa a morrer devido na campanha de deportação em massa promovida por Trump em seu segundo mandato. A operação ocorreu na quinta-feira (10) e teve confrontos entre agentes federais e manifestantes.

A família criou uma vaquinha na plataforma de financiamento coletivo GoFundMe para ajudar com os custos do velório. Alanis é de origem mexicana e, segundo o The New York Times, trabalhava na fazenda há mais de dez anos.

Na Califórnia, a maconha é completamente legalizada e regulamentada desde 2018. A ação foi conduzida pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) e pelo ICE, o serviço de imigração dos EUA, e Alanis teria caído ao tentar se esconder e fugir dos agentes.

Segundo relatos da família à imprensa americana, ele caiu de uma altura de cerca de nove metros e quebrou o pescoço. Ele estava sendo mantido vivo com ventilação mecânica até que a sua mulher e família viessem do México.

O sindicato United Farm Workers lamentou a morte de Alanis em um post. “Nossos corações estão pesados pela família enlutada de Jaime Alanis, que morreu devido aos ferimentos sofridos durante uma operação caótica na quinta-feira”, dizia a publicação. “Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiá-los.”

O DHS disse que Alanis não estava sob custódia do governo e nem sendo perseguido no momento da queda. “Esse indivíduo subiu no telhado de uma estufa e caiu. Agentes acionaram imediatamente o resgate médico”, afirmou a pasta, em nota.

A operação ocorreu nas regiões rurais das cidades de Carpinteria e Camarillo, a cerca de 110 km de Los Angeles, em duas fazendas da empresa Glass House Farms. Mais de 200 imigrantes em situação irregular foram presos, de acordo com o governo.

Segundo o DHS, mais de 500 manifestantes tentaram interromper a ação.

Imagens que circulam na internet mostram agentes federais armados, usando capacetes, máscaras e lançando gás lacrimogêneo contra manifestantes —o uso de máscaras e a ausência de identificação visível de membros do ICE tem se tornado comum no governo Trump.

Segundo o governo, houve depredação de veículos, e vídeos mostram pessoas arremessando pedras contra carros do serviço de imigração.

Organizações de apoio a trabalhadores informaram que a ação incluiu prisões arbitrárias de cidadãos americanos e restrições ao contato dos detidos com advogados e familiares.

“Alguns trabalhadores só conseguiram fazer ligações depois de assinarem ordens de deportação voluntária”, afirmou Angelica Preciado, advogada da organização California Rural Legal Assistance.

A presidente do United Farm Workers, Teresa Romero, denunciou que trabalhadores americanos só foram libertados após apagarem as imagens da operação de seus celulares.

Estima-se que cerca de metade da força de trabalho agrícola no país esteja em situação irregular. Representantes do setor alertam que deportações em massa podem levar a uma crise no abastecimento de alimentos e outros produtos agrícolas.

O presidente Donald Trump reagiu ao episódio condenando os manifestantes, chamando-os de “vagabundos”, e disse que eles deveriam ser presos.

O republicano tem adotado uma política anti-imigração de deportações em massa e tem travado um embate com o estado da Califórnia, governado pelo democrata Gavin Newsom.

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, criticou a ação e saiu em defesa da população imigrante. “Essas ações federais violentas e cruéis aterrorizam comunidades americanas, desestabilizam a cadeia de abastecimento de alimentos do país, colocam vidas em risco e separam famílias”, disse a democrata.

A operação ocorreu um mês após protestos contra a política anti-imigração de Trump tomarem as ruas de Los Angeles. Em resposta, o governo do republicano enviou milhares de militares para contenção das manifestações, incluindo 700 fuzileiros e 4.000 soldados da Guarda Nacional.

Bass também citou o recente revés da gestão Trump na esfera judicial. A juíza federal da Califórnia Maame Frimpong determinou a suspensão imediata das chamadas “patrulhas móveis” realizadas por agentes federais contra imigrantes.

Segundo ela, as prisões vinham sendo feitas com base em perfil racial, no idioma falado —especialmente espanhol— ou no local de trabalho dos detidos. A decisão também obriga o governo federal a garantir que os detidos possam consultar seus advogados.

A determinação atende a um processo movido por grupos de defesa dos direitos dos imigrantes.



Fonte ==> Folha SP

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