O mercado financeiro reagiu bem ao acordo feito pela Uber para adquirir o equivalente a 3% em ações da montadora americana de carros elétricos Lucid, por US$ 300 milhões. O objetivo da plataforma global de transportes é lançar robotáxis autônomos a partir do ano que vem.
Para isso, a Uber se comprometeu a comprar pelo menos 20 mil veículos elétricos autônomos, do modelo SUV Lucid Gravity, ao longo dos próximos seis anos a partir do início da produção, planejado para o segundo semestre de 2026.
Com a aquisição, anunciada na quinta-feira, 17 de julho, a Uber se tornará a segunda maior acionista da Lucid, atrás do Fundo de Investimento Público Saudita (PIF). A Uber também fará um investimento “significativo” na Nuro, que fabrica sensores e softwares de direção autônoma, e vai assumir uma cadeira no conselho da empresa.
Na Bolsa dos Estados Unidos, as ações da Lucid acumulavam alta de 36,2%, perto de 17h. No início do pregão, os papéis da montadora chegaram a subir 43%. No acumulado de 12 meses, no entanto, as ações estão em queda de 17,6%. A companhia está avaliada em US$ 9,4 bilhões.
Ainda assim, as ações da Lucid estão abaixo do pico de 2021. O grupo teve que ser socorrido pelo PIF, que detém 58% da empresa e precisou injetar mais US$ 1,5 bilhão em agosto do ano passado. A PIF também é a quinta maior proprietária da Uber, com 3,5%, com participação avaliada em US$ 6,6 bilhões, após um aumento de 50% nas ações neste ano.
O valor do negócio não foi divulgado, embora se especule que tenha atingido a casa de “centenas de milhões de dólares”, já que a Nuro foi avaliada em US$ 6 bilhões em uma rodada recente.
“Veículos autônomos têm um enorme potencial para transformar nossas cidades para melhor”, disse Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, ao Financial Times. “Estamos entusiasmados com a parceria com a Nuro e a Lucid neste novo programa de robotáxi, desenvolvido especialmente para a plataforma Uber.”
O movimento da Uber de “dar carona” à Lucid garante um fôlego extra à montadora justamente em um momento em que fabricantes de veículos elétricos vem sofrendo para engatar alta velocidade nos negócios, com exceção da chinesa BYD.
Além disso, o novo capital e o compromisso de compra de veículos proporcionam alívio para a Lucid após alguns anos em dificuldade, nos quais acumulou quase US$ 6 bilhões em prejuízos líquidos durante 2023 e 2024.
Bateria sem carga
No fim de 2024, o Wall Street Journal apontou que pelo menos 54 empresas que atuam no setor, entre montadoras e fabricantes de baterias, teriam dificuldade para atravessar este ano.
Enquanto Nissan e Honda abortaram o projeto de fusão, que envolvia esse mercado, a Stellantis enfrentou dificuldades no volume de venda do modelo elétrico da Fiat 500e no mercado americano.
Além disso, insere a Uber em um mercado que já tem players importantes, como a líder de mercado Waymo, de propriedade da Alphabet, empresa controladora do Google, operando viagens autônomas em vários estados nos Estados Unidos.
Em junho, a Tesla, de Elon Musk, lançou um programa de robotáxi em Austin, em uma fase limitada. Ainda que os carros sejam conduzidos de forma autônoma, funcionários da montadora ainda andam nos veículos como segurança. No ano que vem, a empresa de tecnologia Lyft planeja lançar viagens com veículos autônomos em Dallas.
Em dezembro de 2020, a Uber vendeu sua unidade de veículos autônomos para a startup Aurora, em um momento em que a empresa enfrentava forte crise provocada pela pandemia da Covid-19.
Desde então, a empresa passou a oferecer viagens em veículos autônomos em Atlanta e Austin por meio de parceria com a Waymo. Nessas cidades, os passageiros podem solicitar uma viagem em um veículo autônomo.
Os modelos SUV Gravity da Lucid são vendidos a US$ 94,9 mil e têm a maior autonomia de qualquer veículo elétrico do tipo, com autonomia de cerca de 720 quilômetros (450 milhas). O compromisso da Uber, que também vai permitir que seus parceiros de gerenciamento de frotas comprem veículos, alcança US$ 2 bilhões, com base no custo dos veículos e do kit de sensor adicional.
A tecnologia da Nuro será integrada durante a montagem dos veículos na fábrica da Lucid, no Arizona. A Uber se recusou a comentar os termos financeiros do acordo.
“Este é um ponto de partida para um relacionamento mais longo e amplo. É uma validação pela Uber”, disse Marc, Winterhoff, CEO interino da Lucid. “Os robotáxis serão um tópico muito amplo, em que até agora não atuamos. Agora temos um trampolim.”
Diferentemente da Lucid, as ações da Uber operam em baixa na bolsa americana. Por volta de 17h, estava em queda de 0,25%. No acumulado do ano, no entanto, a valorização é de 50%. A Uber está avaliada em US$ 189,2 bilhões.
Fonte ==> NEOFEED
