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Jean-Pierre Cote Gil, head de crédito da Vinland, alerta para a necessidade de maior monitoramento dos FIDCs, especialmente aqueles mais expostos a pequenas e médias empresas, diante do ciclo de aperto monetário que pode elevar inadimplência e recuperações judiciais.
O patrimônio dos FIDCs cresceu fortemente, impulsionado pela busca por retornos maiores diante dos spreads comprimidos em outros ativos de crédito. A Vinland tem aumentado a alocação em FIDCs para até 17%, mas preferindo veículos de menor risco, como os ligados a créditos consignados federais e FGTS. Apesar dos riscos, Cote Gil acredita que esses FIDCs oferecem melhor relação risco/retorno frente a debêntures e títulos bancários tradicionais.
* Resumo gerado por inteligência artificial e revisado pelos jornalistas do NeoFeed
Nenhum instrumento de crédito cresceu mais nos últimos anos do que os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs). A Vinland, que detém R$ 11 bilhões na estratégia de crédito, de um total de R$ 15 bilhões geridos pela casa, decidiu reabrir o seu fundo Vinland Crédito.
Após quase um ano fechado para novos aportes, o fundo tem cerca de R$ 890 milhões sob gestão, cerca de R$ 300 milhões a menos do que quando fechou, no fim de 2024.
“Ele só sofreu o resgate. A ideia é recompor parte deste valor. Mas deve ser mais gradual, devido ao apelo ainda grande na classe de incentivados”, diz Jean-Pierre Cote Gil, head de crédito da Vinland, ao NeoFeed.
Com as debêntures oferecendo spreads pouco atrativos quando fechou para novas captações, Cote Gil esperava aumentar proporcionalmente o volume de FIDCs, que na época ocupava menos de 10% do fundo – o fundo investe majoritariamente em debêntures tradicionais.
A estratégia, segundo ele, visava aumentar o carrego do fundo com estruturados, de forma que compensasse o maior volume de caixa para se proteger de uma eventual abertura dos spreads.
“Achamos importante otimizar a alocação. Além de me dar recursos para aproveitar uma oportunidade quando ela aparecer e defender o fundo”, diz ele.
Com a maior alocação e resgates líquidos, os FIDCs cresceram para 17% do fundo, pouco abaixo do limite regulamentar de 20% do patrimônio. O patamar, segundo Cote Gil, já é próximo do teto da banda que espera manter alocado nesse tipo de veículo, entre 13% e 17%. Em caixa, pretende manter entre 25% e 30% do fundo.
“Conseguimos entregar um retorno decente e alinhado com a expectativa do produto, mantendo uma alocação maior em estruturados, que é onde o preço está mais certo na nossa visão e tem mais oportunidades”, afirma o gestor.
Mas Cote Gil acredita que é preciso ter cautela com esse tipo de veículo, que se consolidou na indústria como uma alternativa em períodos de spreads apertados.
“O que preocupa hoje é a carteira de fundos que estão mais expostos ao segmento de pequenas e médias empresas. É difícil generalizar, mas tem que acompanhar com uma lupa a liquidez da carteira, a atividade dessas empresas e os dados de crédito”, diz o head de crédito da Vinland.
A maior cautela se deve ao ciclo do aperto monetário, que, segundo o gestor, tende a piorar ainda mais antes de uma eventual melhora, com o início da queda de juros.
“É o ápice da experiência mais negativa do crédito. Vamos ver no noticiário aumento de recuperação judicial, de inadimplência em carteira de bancos”, afirma ele.
Com propósitos múltiplos, de antecipar recebíveis do cartão de crédito até recuperar dívida inadimplida, a classe alcançou R$ 772 bilhões de patrimônio, segundo dados da Anbima – o dobro de seu volume em 2023 e 10 vezes o equivalente de 2015.
Até o terceiro trimestre deste ano, 1.219 haviam sido emitidos, levantando R$ 97,9 bilhões, volume 8,7% maior que no mesmo período do ano passado e superior aos números de 2023 inteiro.
Esses volumes foram impulsionados em especial pela demanda por ativos de crédito, que amassaram os spreads de debêntures incentivadas e tradicionais, tornando os FIDCs uma alternativa potencialmente mais rentável.
“Nossa carteira de FIDCs acaba agregando um retorno médio de 1% a 1,5% ao ano em relação à carteira de crédito tradicional”, comenta.
Embora reconheça os riscos da classe, Cote Gil deixa claro que cada produto tem uma característica específica e, nesse jogo, tem optado por mais segurança. As maiores posições em FIDCs, segundo o gestor, estão em veículos em que o maior risco é o governo, como consignados federais e saques do FGTS.
Na sua avaliação, esses veículos ainda estão entregando um melhor custo/retorno em relação às debêntures tradicionais e títulos bancários.
“Vemos o mercado entrando em emissões de 7 a 10 anos, pagando um spread abaixo de 1. Nos níveis que estamos vendo, é melhor ter mais FIDCs do que ficar alocado 90% ou 95% somente em crédito corporativo e bancário”, afirma o gestor.
Fonte ==> NEOFEED

