Vou à Cidade da Guatemala para fazer tratamento odontológico. Acabei de colocar os pinos para três implantes. O osso precisa crescer ao redor dos pinos para que fiquem firmes. Daqui a seis meses, voarei novamente de Washington para a Guatemala para instalar os dentes de verdade.
Por que a Guatemala? Porque a Universidade Francisco Marroquín, universidade particular maravilhosa e liberal, onde sou professora honorária e tenho amigos, tem excelente faculdade de odontologia.
E por que não aqui nos EUA? Porque o mesmo procedimento, não tão bem feito, custa quatro vezes mais. É por isso que o “turismo médico” se expande. Los Algodones, no México, a poucos quilômetros ao sul do rio Grande, é conhecida como “Cidade Molar”, porque tem muitos dentistas que atendem turistas canadenses e americanos, especialmente.
Por quê? Um dos motivos é que os americanos são mais ricos que os mexicanos e muito mais ricos que os guatemaltecos. A economia dos EUA é muito produtiva. Os professores não são mais produtivos do que eram na época de Sócrates. Eu ainda ensino com “giz e voz”. Mas os agricultores americanos são extremamente mais produtivos que os gregos antigos. Eles cultivam com fertilizantes, milho híbrido, tratores, sistemas de irrigação e assim por diante.
A maior produtividade da agricultura moderna se estende a todas as ocupações. Se os professores e agricultores não tivessem rendas comparáveis, os jovens à escolha de profissões inundariam uma ou outra, até que as rendas fossem comparáveis. Portanto, os dentistas do México, e especialmente da Guatemala, ganham muito menos que os dentistas americanos. Isso é economia básica.
Mas há outro motivo. Também é economia básica.
As áreas médicas americanas de todos os tipos estão vinculadas a fortes monopólios apoiados pelo governo. Os governos federal, estaduais e locais protegem dentistas, médicos, enfermeiros, hospitais, farmácias, empresas farmacêuticas, planos de saúde e qualquer pessoa que queira curar você de suas mazelas.
Afinal, o tratamento médico é perigoso. (Somente?) Os profissionais médicos têm assimetricamente mais informações que seus pacientes. (Ao contrário de todas as interações?) Portanto, os médicos precisam tirar nota 10 em um curso universitário de química orgânica. (Hã?) Portanto, os dentistas precisam de licenças. (Ao contrário dos economistas?) Portanto, os enfermeiros devem ter diplomas universitários. (Por quê?) Portanto, a maioria das faculdades de medicina deve ser fechada para manter seus altos padrões. (Então, todas as fábricas de carros, exceto a Mercedes, devem ser fechadas?) Portanto, as parteiras devem ser proibidas de fazer partos. (Porque são mulheres?)
Você entendeu. Os dentistas norte-americanos têm um esquema com a ajuda do governo.
Na década de 1930, médicos ganhavam quase o mesmo que professores, advogados e diretores de empresas. Então os fatores levaram o governo a intervir e impor o monopólio. Na década de 1950, os médicos ganhavam o triplo das outras profissões.
Monopólios raramente são “naturais”. Em sua maioria, são esquemas administrados pelo governo. Se os dentistas pudessem cruzar fronteiras, a odontologia americana seria barata, assim como o livre comércio de qualquer bem ou serviço.
Adivinhe quem impede isso.
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Fonte ==> Folha SP