Motivo de mudanças é a continuidade da crise imobiliária chinesa e o desemprego entre os jovens
Empresas de todo o mundo estão começando a cortar preços e custos e a reduzir suas atividades na China, uma vez que a segunda maior economia do mundo continua a se deteriorar, apesar dos esforços de Pequim para reverter a situação.
Grandes nomes, incluindo Hermès, L’Oreal, Coca-Cola, United Airlines, Unilever e Mercedes disseram que os clientes chineses estão reduzindo os gastos à medida que a crise imobiliária na China se arrasta e o desemprego entre os jovens do país continua alto. Alguns já estão mudando suas estratégias para a China.
A fabricante francesa de grafite Mersen disse na semana passada que fechará uma fábrica de produtos de transmissão de energia na China porque não consegue competir com rivais locais.
Enquanto isso, empresas internacionais de alimentos, como Danone e Nestlé, aprofundaram cortes de preços ou estão buscando aumentar volumes de vendas por meio de plataformas online.
O presidente-executivo da Coca-Cola, James Quincey, disse na semana passada que o ambiente operacional na China continua desafiador. “A economia não está decolando”, disse o executivo a investidores.
O governo chinês prometeu mais ajuda ao setor privado, mas o escopo e o cronograma de novos estímulos são incertos e, até o momento, os investidores não estão convencidos de que seus esforços estimularão a economia de 18,6 trilhões de dólares.
Algumas empresas ainda estão investindo apesar da desaceleração.
A Hermès, fabricante da bolsa Birkin, está compensando o menor tráfego de clientes na China com preços médios maiores. Depois de abrir uma loja em Shenzhen na semana passada, a Hermès planeja uma segunda abertura em Shenyang em dezembro e uma grande loja em Pequim no próximo ano.
Mas para outras empresas, os negócios na China mudaram a longo prazo.
“Costumávamos fazer cerca de 10 voos diários para a China, e acho que esses dias acabaram”, disse o presidente-executivo da United Airlines, Scott Kirby.
A empresa agora tem até três voos diários de Los Angeles para Xangai, e não espera que isso mude em breve. “É um mundo completamente diferente”, acrescentou Kirby.
TRISTEZA DO 3º TRIMESTRE
A temporada de balanços do terceiro trimestre, agora em pleno andamento, tem visto uma série de executivos de empresas descreverem um ambiente chinês de negócios conturbado.
Ermenegildo Zegna, presidente-executivo do grupo de luxo italiano de mesmo nome, disse que espera que os tempos “desafiadores” na China continuem pelo menos até o início de 2025.
O setor de artigos de luxo sofreu o impacto da desaceleração, já que a incerteza econômica pesa sobre os compradores de classe média e torna até mesmo os ricos da China mais relutantes em gastar.
A LVMH, cujas vendas chinesas ajudaram a torná-la a maior empresa da Europa em termos de valor de mercado até o ano passado, disse que a confiança do consumidor no país está no nível mais baixo de todos os tempos.