Ex-bilionário, empresário acumula condenações e tenta reconstruir sua imagem pública
A fortuna de Eike Batista, que um dia alcançou US$ 30 bilhões, desmoronou rapidamente, levando o empresário da glória à queda em poucos anos. Não há dados públicos sobre a fortuna de Eike Batista, mas é possível dizer que ele é hoje um ex-bilionário. Mesmo assim, ele busca reconstruir sua imagem no mundo dos negócios, enquanto enfrenta uma série de condenações e processos judiciais.
Em 2012, Eike Batista figurava entre os homens mais ricos do mundo, ocupando o sétimo lugar com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões. Seu conglomerado de empresas, marcadas pelo “X” no nome, como OGX (petróleo) e MMX (mineração), parecia promissor. No entanto, um ano depois, o colapso começou. A OGX interrompeu projetos na Bacia de Campos, o que levantou suspeitas no mercado. O valor das ações despencou, e a confiança em suas empresas se desfez.
Em outubro de 2013, as ações da OGX caíram para R$ 0,13, bem abaixo dos R$ 23,27 que haviam alcançado três anos antes. Em meio às perdas, Eike começou a vender seus ativos e empresas para cobrir dívidas crescentes. Em dezembro daquele ano, ele deu um calote de US$ 44,5 milhões em credores, marcando o início de seu declínio financeiro.
Repercussões legais
A queda de Eike Batista não foi apenas econômica. Em 2017, ele foi condenado a 30 anos de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, envolvendo o pagamento de US$ 16,5 milhões em propina ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Essas condenações, somadas a outras por manipulação de mercado e uso de informações privilegiadas, totalizam penas que chegam a quase 60 anos de prisão. Para não cumpri-las, ele fez delação premiada e pagou uma série de multas – no total, ficou apenas 90 dias na prisão. Nesse momento, ele ainda está recorrendo de uma parte das sentenças.
O retorno aos holofotes
Após anos de silêncio, Eike Batista retomou recentemente sua participação em eventos e entrevistas, com destaque para aparições em podcasts. Durante o 23º Fórum Empresarial, promovido pelo grupo Lide em agosto, no Rio de Janeiro, o ex-bilionário ensaiou mais um retorno às suas famosas apresentações empolgadas sobre negócios. Subindo ao palco de um hotel em Copacabana, na zona sul do Rio, Eike descreveu seu mais recente projeto, o desenvolvimento da “cana de celulose”.
“Estou nisso há nove anos, desde 2015”, revelou Eike à plateia, composta por empresários e líderes de mercado. Ele foi apresentado por Fernando Furlan, ex-ministro do governo Lula e membro da família fundadora da Sadia, que descreveu a participação de Eike como “um resgate”.
Durante sua apresentação, o empresário também relembrou antigos projetos que marcaram sua trajetória, como a produção de gás na Amazônia, hoje sob controle da Eneva, e os portos do Sudeste e do Açu, no Rio de Janeiro. Esses empreendimentos, outrora promissores, foram vendidos durante a crise que levou várias de suas empresas à falência.
A vida após o império
Hoje, a realidade de Eike é bem diferente. O empresário, que no auge acumulava uma coleção de carros de luxo, como Lamborghinis e McLarens, agora dirige um SUV elétrico, buscando economizar com combustível. Em uma recente entrevista, ele afirmou que a troca gerou uma economia mensal de R$ 2,5 mil. Mesmo com um estilo de vida mais modesto, Eike ainda busca manter sua imagem pública, compartilhando dicas de economia e sustentabilidade.
Embora tente recuperar parte do prestígio e voltar aos negócios, Eike Batista ainda enfrenta um futuro incerto. Com dívidas bilionárias e processos judiciais em andamento, suas esperanças estão depositadas nas instâncias superiores do Judiciário brasileiro. Em 2023, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a venda de seus bens, como o restaurante Mr. Lam, só pode ocorrer com autorização judicial, sinalizando que sua batalha legal continua longe de terminar.