‘Tive voz por ser miss’, diz brasileira deportada dos EUA – 17/04/2025 – De faixa a coroa

Foto de De faixa a coroa

São Paulo

Aos 32 anos, a miss catarinense Francielly Ouriques, natural de São José e residente em Florianópolis, vivenciou uma experiência inesperada e angustiante. Durante uma conexão no Aeroporto Internacional O’Hare, em Chicago, a modelo e empresária foi detida e deportada dos Estados Unidos.

O motivo, segundo ela: portava uma cartela de Tramal, um medicamento considerado ilegal em território norte-americano. Além disso, mensagens encontradas em seu celular sobre uma possível abertura de empresa nos EUA e dúvidas sobre o “green card” levantaram suspeitas de atividades ilegais.

“Se eu não fosse miss, não teria tido voz”, afirma Francielly, em entrevista à coluna, refletindo sobre a repercussão do incidente. Ela destaca que, sem sua visibilidade, a história poderia ter passado despercebida.

“Como miss e influenciadora, senti que deveria contar essa situação para alertar outros brasileiros. Não tive direito a advogado, nem ao consulado, e fui tratada com desrespeito”, relata ela, que divulgou o caso em suas redes sociais (confira vídeo ao final deste texto).

Segundo ela, a miss pode e deve usar sua visibilidade para trazer à tona questões importantes. “No meu caso, usei minha voz para alertar sobre os riscos que outros brasileiros podem enfrentar”, analisou. “O título de miss me deu visibilidade e me permitiu alcançar mais pessoas. Se eu fosse apenas uma modelo comum, talvez não tivesse tido a mesma repercussão.”

A deportação incluiu um interrogatório de cinco horas, revista de celular e bagagens e detenção em uma cela fria, sem acesso a roupas que ela considerava adequadas, advogados ou ao consulado brasileiro. Seu visto foi cancelado e ela foi escoltada por policiais até o embarque de volta ao Brasil, recebendo seu passaporte apenas após pousar em solo brasileiro.

“Um dos momentos mais difíceis foi quando informei que era modelo e miss, e os agentes riram, insinuando que eu não era modelo. Fiquei ofendida e disse que vendi minha imagem, não meu corpo”, desabafou.

A repercussão de seu vídeo nas redes sociais foi maior do que ela imaginava. “Muitos canais fizeram contato, incluindo podcasts e emissoras de televisão”, contou. No entanto, ela também enfrentou críticas relacionadas à sua aparência e à falta de conhecimento sobre as leis dos EUA.

“Eu senti uma grande rejeição também das pessoas quando elas não entenderam que o meu vídeo foi no intuito de realmente ajudar a propagar a notícia e fazer com que outros brasileiros não passem nunca por isso que eu passei”, lamentou.

Em nova publicação nas redes sociais, ela pediu empatia e explicou que decidiu contar sua história para alertar outros brasileiros sobre os riscos envolvidos. “Eu realmente, como miss, como influenciadora, como ser humano, quis trazer esse assunto à tona para que outras pessoas não passem pelo que eu passei”, declarou.

Francielly iniciou sua carreira no mundo dos concursos em 2013, aos 21 anos. Ao todo, ela participou de seis concursos de miss, dos quais venceu três, sendo dois deles mundiais: Miss Brasil Empresarial 2017, Miss Asia Pacific International 2017 e Miss Panamericana 2018.

Embora tenha vontade de retornar ao mundo dos concursos, ela afirma que, no momento, tem outras prioridades. “Só se fosse um concurso que eu admiro muito e que eu realmente já fosse para o nacional, eu não passaria de novo por um estadual para depois ir para o nacional e depois para um internacional. Se eu fosse intitulada talvez como Miss Santa Catarina e já fosse direto para um brasileiro, dependendo do concurso, eu avaliaria”, conclui.


Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil e o Miss Universo.



Fonte ==> Folha SP

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *