Lula sai em defesa de Haddad em anúncio do Plano Safra 2025/26

Lula sai em defesa de Haddad em anúncio do Plano Safra 2025/26

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que enfrenta um embate com o Congresso Nacional desde que tentou elevar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em maio. “Poucos países do mundo tem um ministro da Fazenda com a seriedade que Haddad tem. Esse país teve muito poucos”, disse Lula nesta terça-feira (1º) durante cerimônia de lançamento do Plano Safra 2025/2026 para a agricultura empresarial no Palácio do Planalto. No evento, foram anunciados R$ 516,2 bilhões para o novo ciclo do plano.

Mais adiante, criticou o antecessor de Haddad, Paulo Guedes, pela “quantidade de bravatas que ele fazia neste país”. “Ele sentava numa mesa de forma desaforada, ditava regra e fazia, fazia, fazia. Por que ninguém cobrava estabilidade fiscal no governo passado?”, questionou.

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O decreto que aumentava o IOF foi derrubado pelo Legislativo na semana passada sob críticas de lideranças partidárias de que a carga tributária do país já é muito elevada e que o ajuste fiscal deveria ser feito por meio do corte de despesas, e não pelo aumento de arrecadação.

Nesta manhã, o advogado-geral da União, Jorge Messias, anunciou que ingressará com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para manter a validade do decreto presidencial.

O presidente respondeu a críticas que o governo recebe sobre a alta excessiva de impostos. “Ninguém está querendo tirar nada de ninguém, queremos apenas diminuir os privilégios de alguns para dar um pouco de direito para os outros”, afirmou Lula. “Quando a gente coloca as pessoas que ganham mais de R$ 1 milhão para pagar um pouquinho mais, é uma rebelião”, disse. 

Segundo ele, o aumento da tributação para 140 mil pessoas mais ricas beneficiaria 10 milhões de contribuintes mais pobres. 

“Eu disse ao [Rodrigo] Pacheco, quando eu tomei posse, disse ao [Arthur] Lira, e depois disse mais recentemente ao Alcolumbre e ao Hugo Motta: esse país será o que a gente quiser que ele seja. É só a gente determinar o tamanho que a gente quer que esse país seja. Mas veja, para isso é preciso diminuir os privilégios.” 

“Eu fico triste quando vejo a pessoa jogar a culpa em cima dos doentes, em cima do BPC, em cima do Bolsa Família, em cima do Pé-de-Meia, que garante que 500 mil moleques não saiam da escola para trabalhar”, argumentou.

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Sem mencionar o nome de Jair Bolsonaro (PL), Lula voltou a fazer indiretas ao ex-presidente. “Eu quero que vocês provem se teve na história do Brasil um presidente da República que foi mais decente e digno com vocês do que foram ao seu governo”, desafiou.

“Nunca vou pedir para vocês fazerem um pix para mim, nunca. Guarda o seu dinheiro para pagar para seus funcionários. Eu não quero pix. E jamais vou pedir vou pedir anistia antes de ser condenado. Quem é frouxo, não deveria fazer bobagem. Quem não tem coragem, não deveria fazer bobagem. Quem não mede o erro das consequências, não deveria fazer bobagem.”

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Também presente no evento, Haddad reiterou o discurso de “justiça social” que vem utilizando nos últimos dias e também fez comparações com o governo Bolsonaro. “A Casa Civil, o ministro Rui Costa, com o Renan Filho [Transportes], com o Silvio Costa [ministro Portos e Aeroportos] estão modernizando a logística do Brasil, retomando os investimentos”, disse o titular da Fazenda.

“No governo passado, se fez quatro concessões de rodovias em quatro anos, a meta do ministro Renan Filho é 30. Se ele conseguir a metade, já é quatro vezes mais do que foi feito no governo passado.”

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Fávaro questiona política do Banco Central e diz que Selic dificultou elaboração do Plano Safra 2025/2026 

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse ter sido “um desafio gigante” elaborar o Plano Safra 2025/2026 com uma nova cifra recorde. Ele questionou a condução da política monetária do Banco Central (BC), presidida pelo economista Gabriel Galípolo, indicado ao cargo por Lula. 

“Uma Selic de 15% ao ano, com todo o respeito ao Galípolo, à equipe do Banco Central, mas eu não consigo compreender, eu que não sou economista”, disse o ministro. 

“Nós temos uma inflação controlada, os gastos públicos andaram completamente controlados, diferente de qualquer tipo de fake news, os números 2024 provam isso, que não teve déficit”, prosseguiu. “A inflação controlada, os números públicos controlados, o crescimento da economia, a renda da população crescendo, o desemprego caindo, e uma Selic de 15%.” 

Fávaro acrescentou que a poupança rural deixou de ser atrativa e que, diante do cenário, o Brasil virou “um país de rentistas”. “Ninguém deixa o dinheiro na poupança, portanto há dificuldade de captar recursos para fazer o Plano Safra.” 

Último a discursar, Lula defendeu o presidente do BC, embora sem mencionar a fala de Fávaro. Ele atribuiu a política adotada pela autoridade monetária a uma herança do comando anterior, sob Roberto Campos Neto, indicado de Bolsonaro.

“Vocês pensam que eu me conformo com a taxa de juros a 15%? Mas esse aumento já estava dado”, afirmou. “Na verdade, o Galípolo está comendo o prato que ele recebeu. Não teve nem tempo de trocar de comida, mas certamente vai trocar”, disse. 

Plano Safra 2025/2026 terá R$ 516,2 bilhões para agricultura empresarial 

O governo federal anunciou nesta terça R$ 516,2 bilhões para a agricultura empresarial no Plano Safra 2025/2026. O valor é recorde e representa um aumento de 1,5% em relação à temporada anterior, quando foram disponibilizados R$ 508 bilhões. 

Voltado a médios e grandes produtores, o Plano Safra da agricultura empresarial contempla operações de custeio, comercialização e investimento. As condições variam de acordo com o perfil do beneficiário e do programa acessado. 

Do montante total, R$ 414,7 bilhões serão disponibilizados para custeio e comercialização, um crescimento de 3,34% em relação à edição anterior. Já para as linhas de investimento, serão destinados R$ 101,5 bilhões, uma queda de 5,4%. 

Neste ciclo, o governo elevou as taxas de juros entre 1,5 e 2 pontos porcentuais, dependendo da linha de financiamento. No plano passado, os juros oscilavam entre 7% e 12% e agora serão de 8,5% a 14%. 

A partir deste ano, o crédito rural de custeio agrícola também passará a exigir a observância das recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). 

Antes restrita a operações de até R$ 200 mil contratadas por agricultores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) com enquadramento no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), a exigência se estende agora a financiamentos acima desse valor e a contratos em que o Proagro não é exigido. 

Outra mudança é a autorização para o financiamento de rações, suplementos e medicamentos adquiridos até 180 dias antes da formalização do crédito. 

O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor (Pronamp), que oferece linhas com juros de 10% ao ano, terá R$ 69 bilhões em recursos, uma alta de 5,9% em relação ao Plano Safra 2024/2025 (R$ 65,2 bilhões). O limite de renda do programa foi elevado de R$ 3 milhões para R$ 3,5 milhões por ano. 

O Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que teve o limite das propriedades ampliado de 6 mil para 12 mil toneladas, terá R$ 4,5 bilhões, enquanto o RenovAgro, focado em agricultura sustentável, receberá R$ 5,8 bilhões. Ambos os programas também terão taxa de juros anual de 10%. 

Os programas voltados à modernização e inovação Moderagro e Inovagro foram unificados e terão R$ 6,8 bilhões em recursos, com juros de 12,5% ao ano. Com isso, houve aumento do limite disponível para investimentos em granjas.  

Outra novidade anunciada pelo governo é que beneficiários do Pronaf e do Pronamp a partir de agora terão acesso ao Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) mesmo que já tenham contratos ativos pelo Plano Safra. Ao todo, serão destinados R$ 7,2 bilhões ao fundo. 

Na segunda-feira (30), foram anunciados outros R$ 89 bilhões para o Plano Safra 2025/2026 da agricultura familiar. Desse montante, R$ 78,2 bilhões serão destinados ao Pronaf, R$ 1,1 bilhão irá para o Garantia-Safra, R$ 3,7 bilhões estão reservados para compras públicas e R$ 5,7 bilhões irão para o Proagro Mais.



Fonte ==> Gazeta do Povo.com.br

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